Quando o governo é justo, o país tem segurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba na desgraça”  (Provérbios 29:4 NTLH)

Nas últimas semanas o Brasil tem assistido a constantes manifestações, em quase todo o território nacional, ou pelo menos em suas capitais e cidades de maior influência econômica. O povo brasileiro tem saído às ruas reivindicando seus direitos, mostrando-se insatisfeitos com seus governantes e apresentando suas reivindicações, que vão desde os direitos básicos assegurados por lei, tais como segurança, transporte de qualidade, saúde, educação, até à reivindicação que pede para que os deputados recebam um salário condizente com suas atribuições e nada mais além disso. Também reivindicam uma punição mais severa para aqueles parlamentares se portarem com  falta de moral e ética, administrando de forma desordenada os recursos da nação, fazendo uso indiscriminado dos recursos públicos que são arrecadados através dos tributos.

O povo brasileiro está exigindo que esses tributos sejam aplicados na saúde, educação, transporte com mais qualidade. As autoridades parecem esquecer-se que o governo é estabelecido pelo povo e para o povo deveria trabalhar, buscando zelar pelo bem estar da nação que eles servem e representam.

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O fato é que a nação brasileira, a muito tempo, vem se sentindo desrespeitada e abandonada pelas autoridades públicas. Assim tais manifestações têm sido o clamor de um povo que se vê oprimido, acuado, sem perspectiva de mudanças e sem muitas opções de se fazer ser ouvido.

A Bíblia, como sempre, mostra-nos uma direção, pois Deus jamais nos deixa caminhar sem um rumo. Vejamos o que temos a aprender com sua Palavra, sobre a conduta tanto de um governo que satisfaça os anseios do povo que se vê à margem, sem o cuidado necessário por parte de quem o governa.

A justiça traz estabilidade e segurança.

A aplicação da justiça é vista, aqui, tanto sob o ponto de vista de caráter punitivo quanto em termos de retribuição. Justiça aplicada é dar a cada um segundo seus méritos e segundo seus direitos. O governo que não estiver atento a isso comete um erro gravíssimo, pois não estará cumprindo satisfatoriamente seu papel. Negar ao indivíduo seus direitos mais básicos não revela sabedoria e sim insensatez. E essa insensatez, na maioria das vezes, está aliada à falta de caráter.

Vejamos o exemplo de um famoso rei da Bíblia. Salomão foi um rei, que apesar de ter muita sabedoria vivia um vida de luxo em seu palácio (1 Reis 4). Seus feitos monumentais em grande parte se deu às custas de pesados impostos e trabalho escravo, e quando morreu deixou como herança um povo que se sentia abandonado e lesado pelo seu governo.

Nota-se a insatisfação de seus súditos quando foram apelar para Roboão, para que aliviasse o peso colocado sobre eles por Salomão (1 Reis 12:4). No entanto, o que se vê é Roboão, em sua insensatez, afirmando que seu jugo seria ainda mais severo sobre o povo. O resultado foi um povo cansado, oprimido, sem perspectiva de mudança. Eles simplesmente se rebelaram. Se fosse o nosso contexto hoje diríamos que eles “foram às ruas e protestaram” (1 Reis 12:16-20). O resultado foi que o reino se dividiu. Embora saibamos que isso “vinha do Senhor" (v. 15) não podemos deixar de olhar por uma perspectiva política, que por meio de um governo opressor trouxe a rebelião e a divisão do Reino de Israel.

Justiça e opressão são incompatíveis.

O Senhor repreendeu Israel por meio do profeta Amós, porque estavam explorando o seu povo. Enquanto alguns viviam uma vida de luxo, a maioria vivia na escassez. Eles foram advertidos e comparados às vacas de Basã (Amós 4), uma região de pastagens boas e, por isso, seu gado era da melhor qualidade. Tanto os líderes de Israel quanto suas esposas mantinham um padrão de vida dispendioso, esquecendo-se, assim, das necessidades do povo.

Outro profeta que também denunciou o governo injusto e opressor foi Ezequiel (Ez. 34:1-10). Os líderes da nação sabiam apenas aproveitar-se das “ovelhas”, que aqui tem uma linguagem figurada que significa o povo, pois “comiam a gordura, vestia-se da lã e degolavam o cevado” (Ez. 34:3). Mas as fracas e as doentes não recebiam cuidado algum, a dispersa não era trazida de volta; pelo contrário, exerciam controle sobre elas com rigor e dureza. Assim o povo se dispersava, ficavam à mercê da sorte e, sem o cuidado necessário, eram presa fácil para os predadores. E, por estarem fracos, simplesmente morriam, ou por doenças ou por serem indefesos e desprotegidos.

Não tem sido esse o retrato do nosso país? Não vivemos hoje, a maioria sendo oprimida para manter a vida luxuosa de poucos? Não nos tornamos reféns de um sistema econômico capitalista, cujo objetivo é sempre tirar do povo sem que isso lhe seja devolvido? Não seriam muitos jovens e adolescentes e até crianças que hoje se envolvem com a criminalidade como “ovelhas” enfraquecidas e que, por faltar à direção do “pastor”, ficou desgarrada e se tornou uma presa fácil para “predadores”?

Vivemos sob um sistema opressor, onde a justiça tem sido negada, os injustiçados pouco podem fazer em defesa de si mesmo. O clamor que hoje vem das ruas é um clamor justo, é um grito de socorro. Deus não nos deixa sem respostas não é mesmo? Então leiamos o que está escrito em Malaquias 3:5: “Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro, e oprimem a viúva e o órfão, e torcem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos”.

Um governo injusto, corrupto e sem o devido compromisso com seu povo torna-se causa de muitos males. Creio ser hora do povo realmente reagir e exigir que o Governo governe para o povo, que todos possam ter acesso a tudo o que lhe é assegurado por força de lei. Sendo assim, não nos esqueçamos que se uma “luta” é legítima e a causa é justa, desde que seja feito de forma pacífica e ordeira, é também uma causa de Deus, que prometera em sua Palavra fazer justiça quanto aos que usam o poder em benefício próprio e, de forma injusta, oprimem, roubam, corrompem e são corrompidos. Portanto, AVANTE BRASIL!