Atire o seu pão sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo. Reparta o que você tem com sete, até mesmo com oito, pois você não sabe que desgraça poderá cair sobre a terra. Quando as nuvens estão cheias de água, derramam chuva sobre a terra. Quer uma árvore caia para o sul quer para o norte, no lugar em que cair ficará. Quem observa o vento não plantará; e quem olha para as nuvens não colherá. Assim como você não conhece o caminho do vento, nem como o corpo é formado no ventre de uma mulher, também não pode compreender as obras de Deus, o Criador de todas as coisas. Plante de manhã a sua semente, e mesmo ao entardecer não deixe as suas mãos ficarem à toa, pois você não sabe o que acontecerá, se esta ou aquela produzirá, ou se as duas serão igualmente boas. A luz é agradável, é bom ver o sol. Por mais que um homem viva, deve desfrutar sua vida toda. Lembre-se, porém, dos dias de trevas, pois serão muitos. Tudo o que está para vir não faz sentido.    

Eclesiastes 11:1-8

Esta passagem da Escritura acentua sua verdade em três verbos: lançar (v. 1), repartir (v. 2) e semear (v. 6): “Lança o teu pão...; reparte com sete, e ainda com oito...; semeia pela manhã a tua semente...”.

O importante é observar que são estímulos a que se invista apesar da crise: o lançar o pão sobre as águas não trará retorno imediato: “depois de muitos dias o acharás” (v. 1b). O repartir com outros não é feito porque está tudo muito bom, mas porque o “mal sobrevirá à terra” (v. 2b); e semear incessantemente tem como estímulo não a certeza, mas a dúvida: “não sabes qual prosperará"  (v. 6b).

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Ora, as razões que a Bíblia dá para esse investir em tempo de crise são quatro:

1. Todo investimento feito em fé tem retorno

O texto bíblico diz: "Lança o teu pão sobre as águas..." (v. 1a). Ainda, uma outra versão de texto é aqui sugerida: "Dê com generosidade o seu pão...". Não se sabe, ao certo, se Salomão quis falar aqui de ousa­dia nos negócios ou de simples generosidade, pois é difícil discernir ao certo do que ele está realmente falando, ou se ele fala primeiro de um e depois do outro.

Entendendo o texto como um incentivo a fazer investimentos, alguns estudiosos do Antigo Testamento afirmam que há, neste verso, duas figuras de linguagem. Nos tempos bíblicos, o comércio acontecia em grande parte pela via marítima. Os comerciantes enviavam suas mercadorias por navios, principalmente o trigo e a cevada, para depois de muitos dias terem o retorno do lucro. Mas esse verso também pode significar lançar a semente em terrenos com água, para se obter depois a colheita.

Interessante como a Bíblia na versão Linguagem de Hoje parafraseou este versículo: “Empregue o seu dinheiro em bons negócios e com o tempo você terá o seu lucro”. E, “depois de muitos dias o acharás” (v. 1b). Lança-se pão nas águas. O pão desaparece. Você não sabe como o achará, mas sabe que de alguma forma o achará.

Um bom investidor não teme correr o risco de fazer aplicações, pois essa é a única maneira de obter mais do que aquilo que já tem. Todavia, para investir bem, é fundamental saber em que aplicar, buscando sempre o melhor retorno possível de acordo com o nível de risco assumido.

2. O mal é uma certeza da vida, mas o bem é uma possibilidade criada pelos corações generosos

A Bíblia na versão Linguagem de Hoje parafraseia o verso 2 da seguinte maneira: “Aplique-o [o seu dinheiro] em vários lugares e em negócios diferentes porque você não sabe que crise poderá acontecer no mundo”. O escritor nos dá uma lição preciosa nesse texto, dizendo-nos que devemos diversificar a nossa aplicação (em sete e até mesmo em oito partes), pois “não sabes que calamidade pode sobrevir sobre a terra”  (v. 2b). Ao concentrar os investimentos em uma só aplicação, o investidor fica desprotegido e aumenta a sua exposição ao risco. A diversificação equilibra os investimentos: as diferentes estratégias se complementam, diminuindo o risco em cenários estáveis ou de crise.

Se entendermos o versículo anterior como um incentivo para um ato de generosidade, então o verso 2 diz que devemos repartir o que temos com muitas pessoas, pois um dia poderemos não ter, e aqueles que ajudamos hoje, poderão nos socorrer amanhã. O generoso prospera e será abençoado (Provérbios 11:24-25; Provérbios 22:9). E, a razão para fazermos isso é que “não sabes que mal sobrevirá sobre a terra”  (v. 2b), mas sabes que o mal sobrevirá, porque o mal na vida é como os fenômenos naturais: o que é, é!

Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra, e, caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará”  (v. 3). Em outras palavras: faça o bem porque o mal já é “natural” nesse mundo caído. Além disso, ele traz consigo o germe da fatalidade: o que é, é. Ora, esse pensamento traz à tona que há certas coisas sobre as quais nada podemos fazer, mas há aquelas que exigem uma firme decisão e ação. Portanto, nossa responsabilidade é criar o bem. O mal existe. É fato! Mas o bem é algo que pode ser gerado por meio de nossos atos.

Paulo faz o seguinte apelo aos cristãos:

  E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.    

Gálatas 6:9-10

Nós vivemos sempre sobre a influência de que as coisas estão acabando e que devemos reter o máximo possível. Que não devemos doar, para não nos faltar. Constantemente estamos ouvindo que alguns recursos naturais não renováveis estão se acabando, tais como a camada de ozônio, as fontes de águas, as reservas de petróleo. E, a idéia de que tudo isto está acabando tem levado as pessoas a entenderem que devem reter, fechar a mão, protegerem-se cada vez mais. A ideia de semear, de repartir, de dar, de lançar o pão, é contrária ao que ao que a sociedade ensina. Ora, o Cristão deve caminhar na contra-mão da sociedade secularizada.

John Wesley disse, certa vez:

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"Faça todo o bem que você puder, por todos os meios que você puder, de todos os modos que você puder, em todos os lugares que você puder, em todo o tempo que você puder, pra todas as pessoas que você puder".

Devemos tirar de nós a ideia maligna e política de que só faremos o bem se tivermos algum lucro, se tivermos algum benefício.

3. Todo investimento tem de ser feito em fé, porque a vida sempre pinta cenários que desaconselha investimentos

Quem somente observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará” (v. 4). O que Salomão está querendo nos dizer é que se esperarmos por circunstâncias ideais para fazermos algo, perderemos o nosso tempo, pois talvez elas não venham nunca. Por isso, comece agora mesmo! Se você sabe o que precisa ser feito, faça logo, seja pró-ativo, não fique esperando por algum sinal dos céus. Faça hoje! Não deixe para amanhã.

O exemplo dado por Salomão pode ser comparado àquela atitude que quem vive pensando no que pode acontecer e no que poderia ter acontecido. Ora, a você cabe apenas agarrar o que realmente existe e o que está ao seu alcance. São pou­cos os grandes empreendimentos que aguardaram condições ideais; nós também não podemos esperar.

Nunca tudo estará sempre favorável para nós. Haverá sempre algo indefinido, defeituoso, inseguro, duvidoso, arriscado, incompleto, e assim por diante. Se ficarmos esperando para termos certeza que tudo vai funcionar, nunca faremos nada. Se o lavrador ficar apenas observando o vento e as nuvens, esperando que o vento mude e que o tempo fique bom, nunca plantará e, conseqüentemente, nunca colherá nada. Corra riscos se quiser ir mais longe.

Assim é que se estimula o investir mesmo que o cenário em volta seja de prelúdio de tempestade. Já se ouve o ribombar do trovão, já se vê o corte elétrico do relâmpago no véu escuro do céu. Já se sente o vento com cheiro de chuva, mas mesmo assim se semeia a semente. Quem sabe? Pode ser que não chova. Pode ser que as sementes peguem apesar do aguaceiro. Enfim, não se sabe.

É fato que o tempo e as oportunidades podem inverter os nossos melho­res planos. Se isso é um pensamento paralisante, também pode ser um incentivo à ação, pois, se há riscos por toda parte, é melhor falhar sendo arrojado do que agarrando os recursos e guardando-os para nós mesmos.

É por isso que todo investimento tem que ser feito em fé: “Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas”  (v. 5). O exemplo que Salomão escolheu é o das mais notáveis obras divinas, do qual dependem todos os nossos questionamentos e pensamentos: a maravilha da natureza, da vida, da formação do corpo humano. Tanto o exemplo do caminho do vento quanto a formação do ser humano tem alguns pontos em comum: a invisibilidade e a liberdade em rela­ção ao nosso controle, mas também a sua poderosa realidade. Podemos não ver, mas sabemos que eles existem. “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai...”  (João 3:8).Não sabemos de tudo sobre tudo, nem se espera que assim seja. Mas, exatamente por isso, devemos depender ainda mais de Deus, pois não sabemos como ele vai agir em determinada situação. Mas sabemos que ele vai agir. Podemos não entender todas as coisas que Deus faz, mas sabemos que Ele faz todas as coisas, as quais cooperam para o bem daqueles que O amam!

4. O investimento tem que ser algo contínuo, sem deixarmos espaço para o ócio

"Semeia a tua semente desde a manhã, e não deixes tuas mãos ociosas até a noite, pois não sabes o que acontecerá, se esta ou aquela produzirá, ou se as duas serão igualmente boas" (v. 6). Acho interessante que essa passagem bíblica que estamos considerando, manda aplicar, investir e repartir, mas diz também que não devemos ficar ociosos, só porque já fizemos algum investimento.

Salomão diz, em outros termos: Nada de omissão ou acomodação. Invista sempre, porque não sabes o que terá bom êxito, se isto ou aquilo, ou se ambas as coisas são igualmente úteis. Como não temos garantia de que o que plantamos frutificará, devemos plantar sempre e cada vez mais.

Este é um conselho estimulante, sem idéias de vacilação, mas sem tra­ços de presunção ou irresponsabilidade. A própria pequenez de nosso co­nhecimento e de nossa capacidade de controle, e a própria probabili­dade de tempos difíceis (v. 2b), transformam-se em motivos para nos reanimar e levar à atividade de investir.

5. Todo significado para a vida vem do ato de se investir na vida e naquilo que nela produz alegria maior que a dor

"Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo, deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos. Tudo quanto sucede é vaidade”  (v. 8). Ora, essa é a única maneira de fazer com que tudo quanto sucede à vida humana não seja mera vaidade (v. 8b). O resto é vaidade.

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