Além das coisas exteriores, me oprime a cada dia o cuidado de todas as igrejas.
2 Coríntios 11:28
Amados irmãos e irmãs, graça e paz da parte de nosso Senhor Jesus Cristo vos sejam multiplicadas!
Venho novamente até vocês para dirigir uma palavra de incentivo e de reflexão sobre a Igreja. Nesta segunda “Mensagem do Presidente”, julgo ser oportuno um olhar mais detido e aprofundado sobre a Igreja e sua relevância na tão desmantelada sociedade atual. Estou convencido de que, para muitas pessoas, a Igreja não passa de um clube em que todos, incluindo-se os menos endinheirados, podem se reunir e compartilhar seus interesses. Há, ainda, aqueles que vêm a Igreja como um Partido Político. Há os que com ela se relacionam como se fosse uma ONG.
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À guisa de recapitulação, recordo o que é do conhecimento de todos os irmãos, que o vocábulo “igreja” é uma tradução da palavra grega “ekklesia” que, por sua vez, se origina de duas palavras, quais sejam: a preposição “ek”, que significa “fora” e o verbo “kalein”, que significa “chamar”. Logo, o sentido mais nuclear da palavra visa indicar que “ekklesia” é o ajuntamento das pessoas que são chamados para fora.
“A palavra ‘igreja’ traz à tona imagens muito diferentes. Para alguns, a igreja não é nada mais que um esnobe clube de campo religioso, com rituais tradicionais tão sagrados como os de uma tradicional caça à raposa. Para outros, a igreja é um grupo de ação política, um bloco de pressão de fazedores do bem, batalhando contra os males da sociedade. Alguns vêm a igreja como uma espécie de sala de espera, não segregada racialmente, destinada a pessoas que estão esperando o próximo ônibus para o Céu. (...). Outros pensam dela como se fosse uma reunião comum de fanáticos religiosos, gozando seu transe de fim de semana. Para muitos a igreja é uma espécie de tábua de salvação no jogo da vida ou uma democracia religiosa, que quer legislar sobre moral para o resto do mundo.
Sejamos bem honestos em admitir que a igreja tem sido todas estas coisas, em muitos lugares e ocasiões. (Entretanto), apesar de suas numerosas fraquezas e de seus trágicos pecados, a igreja tem sido através de todos os séculos, desde o seu início, a mais poderosa força em prol do bem sobre a face da Terra. Tem sido uma luz no meio da escuridão tão densa, que pode ser sentida. Ela tem sido sal dentro da sociedade, retardando o alastramento da corrupção moral e dando tempero e sabor à vida humana”.[1] ..
Preguei, há cinco anos passados, uma série de sermões que tinha por título geral: “Edificando a Igreja”. Em cada abertura, após as introduções de estilo, lançava, invariavelmente, a mesma pergunta já acompanhada da resposta, feita pelo famoso Pastor Doutor Bill Hybels. Ei-la:
“QUAL É A IGREJA MAIS IMPORTANTE DO MUNDO? A IGREJA MAIS IMPORTANTE DO MUNDO É A IGREJA QUE DEUS ESTÁ EDIFICANDO DENTRO DE VOCÊ!”
Sabem, amados, conquanto o assunto possa ensejar sérias e prolongadas discussões, sinto-me compelido a afirmar que existem duas Igrejas. A Igreja militante e a Igreja triunfante. A Igreja visível e a Igreja invisível.
A Igreja visível é aquela conhecida pela sua bandeira denominacional, cujas pessoas foram batizadas e recebidas como membros. Perdoem-me a franqueza, mas a Igreja visível é composta por ovelhas e bodes, trigo e joio, filhos do Reino e filhos do Maligno.
A igreja invisível ou triunfante, porém, é composta de todos aqueles que foram lavados no sangue do Cordeiro e fazem parte da família de Deus. Esta é a única que será arrebatada — que vai morar com JESUS por toda a eternidade no glorioso Lar dos Salvos, ou no lugar que a Bíblia denomina como “Novos céus e Nova Terra”.
A Declaração de Fé da IBSD proclama:
“Cremos que a Igreja de Deus é constituída de todos os crentes reunidos pelo Espírito Santo, unidos em um corpo espiritual do qual Cristo é a cabeça. Acreditamos que a igreja local é uma comunidade de crentes organizada numa relação de aliança para adoração, companheirismo e serviço, praticando e proclamando convicções comuns. Ela cresce na graça e no conhecimento de nosso Salvador Jesus Cristo. Cremos no sacerdócio de todos os crentes e procuramos trabalhar juntos para um testemunho mais efetivo”.[2]
A Confissão de Fé, aprovada pela Convenção Batista Brasileira, em 1916, cravou:
“Cremos que uma Igreja visível de Cristo é uma congregação de crentes batizados que se associam por um pacto na fé e na comunhão do evangelho; que observam as ordenanças de Cristo e são governados por suas leis; que usam os dons, direitos e privilégios a eles concedidos pela Palavra; que seus únicos oficiais, segundo as Escrituras, são os bispos ou pastores e os diáconos, cujas qualificações, direitos e deveres estão definidos nas Epístolas a Timóteo e a Tito”.[3]
Nesse cenário, cumpre-me rememorar: somos a Igreja militante. Esta, ainda não é a Igreja triunfante. Logo, devemos nos empenhar por ser uma igreja, individual e coletivamente, dentro do padrão bíblico para a Igreja do Senhor.
Que o Senhor, por meio do Seu Santo Espírito, prossiga agindo nos corações e mentes de cada crente batista do sétimo dia! Temos já empreendido uma grande marcha, cujo término dar-se-á por ocasião da Volta do Senhor Jesus Cristo em glória e majestade. Até que chegue esse dia, somos desafiados a preservar e proclamar “a fé que uma vez foi entregue aos santos”.
Nossa fé, nossa prática eclesiológica, nosso testemunho e, enfim, nossa pregação, recebem seu fundamento de validade, única e exclusivamente, no Livro de Deus, a Bíblia. Como Igreja, somos adeptos da convicção dos reformadores do século 16, quando, de forma inegociável, proclamaram: “Sola Scriptura”.
Concordo com o Pastor Doutor Hernandes Dias Lopes quando, proclama:
“A Igreja militante, na sua caminhada milenar, tem enfrentado grandes batalhas. Perseguições externas e conflitos internos. Muitas vezes, parece anêmica e sem fervor; outras vezes, ressurge das cinzas e experimenta grandes avivamentos”.[4]
Por falar em IGREJA INVISÍVEL, li a história de um Pastor, um missionário autônomo, sem vínculo com qualquer Igreja, que foi pedir ajuda para projetos evangelísticos a um conhecido e famoso Pastor de uma Igreja grande e rica de recursos financeiros, nos Estados Unidos da América. Eis o diálogo travado:
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- Para qual Missão você trabalha? – perguntou o Pastor da Igreja grande.
- Não estou ligado a nenhuma Organização – respondeu o missionário.
- Então, de que Igreja você é membro? – perguntou o Pastor da Igreja grande.
- Sou membro da Igreja Invisível, respondeu orgulhoso e confiante o missionário.
- Já bastante desconfiado, o Pastor da Igreja grande perguntou: Quais os horários de culto em sua Igreja? Quem é o Pastor responsável lá?
- Exasperado, o Missionário exclamou:
- Sua Igreja não é a verdadeira Igreja. Pertenço à única Igreja de verdade, que é a IGREJA INVISÍVEL!
Em vista disso, o Pastor da Igreja grande respondeu:
- Pois bem. Eis aqui uma contribuição em dinheiro invisível para ajudar você com seu ministério na Igreja invisível!
Meus amados, obviamente, este Pastor da Igreja grande não estava negando a existência do Corpo Único de CRISTO. Não era isto. Mas, ao contrário, ele pretendia mostrar – e que isso fique muito claro para todos nós – que a IGREJA INVISÍVEL ministra por meio da IGREJA VISÍVEL. No nosso caso, é a IGREJA BATISTA DO SÉTIMO DIA.
Consoante já afirmei em outra ocasião, os desafios postos à nossa frente são grandes. Há escassez de recursos e falta de obreiros para esta “Grande Seara”. Mesmo assim, estamos confiantes de que o Senhor conduzirá Sua Igreja na melhor direção, de modo a cumprir fielmente o propósito para o qual foi chamada à existência!
Deus nos abençoe!
Bernardino de Vargas Sobrinho
Pastor Geral -- Presidente da Conferência Batista do Sétimo Dia Brasileira
[1] STEDMAN, Ray C. Igreja – Corpo Vivo de Cristo, 3ª ed. – São Paulo/SP: Editora Mundo Cristão, 1985, pp. 09/10.
[2] FERREIRA, André Garcia. Declaração de Fé Batista do Sétimo Dia, 1ª ed., – Curitiba/PR: Editora Gráfica Exklusiva, 2018, p. 65.
[3] LANDERS, John. Teologia dos Princípios Batistas, 1ª ed., – Rio de Janeiro/RJ: JUERP – Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira, 1986, p. 81.
[4] LOPES, Hernandes Dias. Para Onde Caminha a Igreja?, 1ª ed., – São Paulo/SP: Editora Hagnos Ltda., 2017, p. 08.
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