“...comparativamente a qualquer outro grupo, os guardadores do Sábado foram os que mais se envolveram ou contribuíram para a causa da liberdade.”

Don A. Sanford, Historiador

O dia 4 de julho é um dos feriados nacionais mais importantes para os norte-americanos, correspondente ao nosso 7 de setembro. Nesta data, no ano de 1776, foi assinada a Declaração de Independência dos Estados Unidos. A data é celebrada em todo o país com fogos de artifício, desfiles e celebrações.

Durante quase 10 anos, os primeiros americanos tentaram apelar à sua metrópole, a Inglaterra, contra o que consideravam injustiças sofridas durante o período colonial. Em 1772, comitês foram formados, avaliando a possibilidade de se criar um Congresso próprio. Foi assim convocado o Congresso Continental, o primeiro governo nacional dos Estados Unidos da América. Tal iniciativa foi considerada uma traição pelos britânicos, e tropas foram enviadas para sufocar a revolta. Era o início da Guerra da Independência. 

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Em 1776, representantes das 13 colônias votaram a favor da adoção de uma Declaração da Independência para libertar a nação do jugo inglês, apesar de a guerra ainda ter continuado até 1781, quando os Estados Unidos declararam vitória. Porém, o que muitos desconhecem, é o importante papel que os Batistas do Sétimo Dia tiveram, direta ou indiretamente, na luta pela independência, seja em posições políticas ou militares. 

Thomas Ward e sua esposa Amy eram membros da Igreja Batista do Sétimo Dia de Newport (a mais antiga igreja sabatista em continente americano, 1671), já em 1692. Richard, um de seus filhos, foi governador de Rhode Island, de 1740 a 1742. Thomas, um dos filhos de Richard, serviu como secretário de Estado para a colônia, de 1747 a 1760. Um filho mais novo, Henry, sucedeu a Thomas naquela posição, servindo até sua morte em 1797. Dois netos, Charles e Samuel Jr., foram oficiais na Guerra Revolucionária, sendo que o último chegou à patente de Tenente Coronel.

O mais notável membro da família foi Samuel Ward, nascido em 1725. Samuel era membro da Igreja Batista do Sétimo Dia de Westerly. Em sua profissão de fé, escrita à “Igreja Sabatariana de Cristo em Westerly e Hopkinton”, declarou sua convicção de que o batismo era uma ordenança cristã, expressava o arrependimento de pecados e sua dependência na “imensa bondade e graça de Deus e Seu único Filho”, prometendo caminhar em todos os mandamentos e ordenanças do Senhor. Ward cria que não era a intenção de Deus que o povo americano perecesse ou se tornasse escravo, mas que fosse um povo numeroso e livre. 

Samuel Ward

Em 1756, foi eleito para representar Westerly na Câmara Legislativa do Congresso. Em 1761, foi o Secretário de Justiça da colônia, e no ano seguinte, eleito Governador. Foi o único governador americano que se recusou a assinar o pacto em apoio à Lei do Selo (Stamp Act ou Duties in American Colonies Act, 1765), a qual foi aprovada pelo Parlamento Inglês, estabelecendo que todos os documentos em circulação na colônia americana deveriam receber selos provenientes da metrópole.

Foi eleito presidente do importantíssimo Comitê do Todo. Manteve profundas relações com George Washington, que se tornaria o primeiro presidente da nação, e a correspondência entre ambos indica que Washington considerava Ward como seu emissário pessoal no exército. Samuel insistiu ardentemente na criação de uma Marinha, na luta contra o domínio marítimo dos britânicos. 

Uma epidemia de varíola ocorreu na Filadélfia, enquanto acontecia o Congresso Continental. Ward contraiu a doença em 15 de março de 1776, vindo a falecer 10 dias depois, aos 51 anos. Caso tivesse sobrevivido por um pouco mais de tempo, seu nome teria sido afixado para sempre na Declaração de Independência, assinada em 4 de julho de 1776. A bisneta de Ward, Julia Ward Howe (1819-1910), é famosa na história americana por ter composto o Hino de Batalha da República (ouça aqui).

Julia Ward Howe (1819-1910)
Julia Ward Howe (1819-1910)

Além da família Ward, dezesseis membros da família Burdick estavam entre os patriotas de Hopkinton que assinaram o Ato de Prova em 9 de setembro de 1776, declarando que a oposição das colônias americanas às tropas britânicas era uma causa justa e necessária. Alguns deles eram Batistas do Sétimo Dia que serviam ativamente no exército. 

Um grupo de oposição à Inglaterra reunia-se na casa de Ebenezer e Sarah Bond Howell, em Shiloh, Nova Jersey. Seus filhos Richard e Lewis faziam parte do grupo. Richard destacou-se na Guerra Revolucionária e eventualmente tornou-se governador de Nova Jersey.

Richard Howell

Walter B. Gillet, o sexto pastor da Igreja Batista do Sétimo Dia de Piscataway, afirmou que os membros patriotas de sua igreja estavam alistados no exército regular e dispostos a serem chamados a qualquer momento.

Jacob Davis foi o primeiro pastor da igreja de Salém. Ele havia sido capelão do Exército, quando servia na Igreja de Shrewsbury. Seu pai e irmão, James e William Davis, que estavam a princípio do lado dos britânicos, passaram posteriormente para a luta ao lado dos colonos.

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Ebenezer David, foi filho de Enoch David e pastor na região da Filadélfia. No final de 1775, alistou-se no exército para servir como capelão, trabalhando primeiramente com as tropas perto de Boston, e mais tarde em outras regiões. 

Lamentando o estado espiritual da nação em sua época, escreveu: “Eu compreendo que o Senhor reina, que o Governo está sobre os ombros de Emanuel. Quem não se alegraria com isso? Que o julgamento de Deus possa santificar esse povo tão intransigente que parece estar ficando cada vez pior.” Morreu de tifo em 19 de março de 1778.

A comunidade Batista do Sétimo Dia Alemã de Efrata adotou uma posição de não-resistência, não se envolvendo com as questões da guerra por questão de consciência, assim como o fizeram muitos outros membros da Igreja. Devido ao reconhecido caráter cristão dessa comunidade, em setembro de 1777 Washington enviou cerca de 500 feridos da batalha de Brandwnine para serem cuidados pelos seus moradores.

Em Newport, muitas igrejas cristãs foram tomadas pelos britânicos e utilizadas como quartéis para os soldados ou estábulos para cavalos. A Igreja Batista do Sétimo Dia foi poupada – sugere-se que pela sua exibição das tábuas dos Dez Mandamentos na parede.

Igreja de Newport - RI

Muitas igrejas Batistas do Sétimo Dia organizadas posteriormente receberam como membros aqueles que haviam servido ativamente na Guerra Revolucionária. Richard Bond, de Lost Creek, havia sido major no Exército. Edward J. Greene, Luke Maxson e Edward Greene eram veteranos que estavam entre os primeiros membros da Igreja Batista do Sétimo Dia de Alfred.

Nas palavras do historiador Don. A. Sanford, “considerando-se que o número de Batistas do Sétimo Dia, em 1776, era de apenas algumas centenas e apenas doze igrejas, pode-se concluir que comparativamente a qualquer outro grupo, os guardadores do Sábado foram os que mais se envolveram ou contribuíram para a causa da liberdade.”

Não apenas naquela época, mas até hoje os Batistas do Sétimo Dia são um povo que preza pela liberdade. É justamente por isso que o primeiro ponto em sua Declaração de Fé seja a Liberdade de Consciência: “Consideramos a liberdade de pensamento, sob a direção do Espírito Santo, como essencial à fé e prática cristã.”. Nas palavras de J. Brent Walker, ex-diretor executivo do Comitê Conjunto Batista pela Liberdade Religiosa, uma das principais agências de defesa da liberdade religiosa nos Estados Unidos, os Batistas do Sétimo Dia são uma importante igreja na luta atual pela liberdade religiosa

Como um povo que mantém suas consciências cativas apenas à Palavra de Deus, temos muitos motivos para nos enchermos de alegria e glorificarmos a Deus pela forma como Ele nos tem usado como Seu povo, ao longo dos séculos de nossa história.

Para mais informações sobre esse período histórico e o papel desempenhado pelos membros da Igreja, consulte Don. A. Sanford, Um Povo que Escolhe: A História dos Batistas do Sétimo Dia, Curitiba: Conferência Batista do Sétimo Dia Brasileira, p. 137-151, 2007.

Leia também: Por que sou um Batista do Sétimo Dia?

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