Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,    

Filipenses 2:6 

INTRODUÇÃO

   Estudar sobre a divindade de Jesus é algo muito importante para a Igreja. O que hoje é uma doutrina muito óbvia para a maioria dos cristãos, nem sempre foi assim. Já no início do segundo século essa questão veio à tona com os ebionistas que negavam a natureza divina de Jesus alegando que Ele era apenas uma pessoa humana que recebera o Espírito de Deus, tornando-se um grande e poderoso profeta. Mais tarde surgiram outras correntes como o Arianismo que ensinava que Jesus era um Deus, mas não divino como o Pai, ou seja, Cristo era uma obra da criação de Deus, ou melhor, a primeira obra da criação.

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   Hoje vamos estudar sobre Jesus, o homem divino. Não se pode dividir as duas naturezas de Jesus, elas são intrínsecas. Jesus é da mesma essência do Pai, com natureza divina completa e também humana, eternamente gerado (e não criado), de modo a não haver tempo em que o fi lho não tivesse existido. A lição de hoje, através e fundamentalmente pelo estudo das Escrituras, ira corroborar com tal posicionamento, dando atenção para a natureza divina de Jesus, visto que na lição anterior já estudamos os aspectos que comprovam Sua natureza humana.

 

SEUS NOMES DIVINOS

   A divindade de Jesus também é indicada nas Escrituras através dos nomes e títulos autorizadamente aplicados a Ele. Nos dias de hoje, especificamente na nossa cultura, os nomes próprios dados às pessoas não têm o mesmo grau de significado e importância como ocorria no passado, especialmente na cultura oriental. Na escritura bíblica isso fica muito claro, os nomes das pessoas representavam a personalidade, a história, o caráter e outras características das mesmas. (Gênesis 17:5; 32:28; 35:18; Números 13:16; Rute 1:20; Marcos 3:17; João 1:42; Atos dos Apóstolos 4:36). Sendo assim, vejamos pela Palavra como os títulos atribuídos a Jesus indicam Sua divindade:

   Emanuel: este nome significa “Deus conosco”, ou seja, Jesus é “Deus presente no meio do Seu povo”. Isaías profetizou sobre a vinda do “Emanuel” visitando o seu povo: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem vos dará à luz um fi lho e lhe chamará Emanuel” (Isaías 7:14). E em Mateus 1:23 vemos o cumprimento desta promessa quando José entendeu que Jesus era o “Emanuel” anunciado pelo profeta Isaías. Assim, Jesus não é “um deus conosco”, mas é “o Deus conosco”, Ele é o próprio Deus habitando no meio do Seu povo.

   “EU SOU”: Este título também tem sua origem no Antigo Testamento quando Deus, ao ser interrogado por Moisés sobre como apresentaria aquele que o enviara ao povo, responde: “Assim dirás aos fi lhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros” (Êx 3:14). No Novo Testamento, vemos Jesus se declarando assim quando falou aos judeus dizendo: “Em verdade, em verdade vos asseguro: antes que Abraão existisse, Eu Sou” (João 8:58). Aqui vemos que Jesus afirma sua divindade, pois Ele é o Grande “EU SOU”.

   Filho do homem: Jesus autodenominou-se como “Filho do Homem” (Lucas 19:10). Embora este título descreva mais sobre a natureza humana de Jesus, ele também é uma referência sobre o “Filho do Homem” que o profeta Daniel viu em sua visão: “... e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, [...] foi lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem, seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído” (Daniel 7:13-14).

   Deus e Senhor: Por mais incrível que pareça, esta afirmação saiu da boca do discípulo mais incrédulo do grupo dos apóstolos. Tomé, ao ver Jesus ressuscitado em sua frente disse: “Senhor meu e Deus meu” (João 20:28). Jesus também é chamado de “Senhor” e “Deus” em muitos outros textos do novo testamento (Atos dos Apóstolos 7:59; Romanos 10:9; 1 Coríntios 1:2-3; Gálatas 6:18; Filipenses 2:6; Tito 2:13).

 

SUAS CARACTERÍSTICAS E SEUS ATOS DIVINOS

    Existem algumas características e atos da vida de Jesus que comprovam Sua divindade. Vejamos:

   Sua eternidade. O apóstolo João deixa isso bem claro em seu evangelho quando diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus” (João 1:1). O escritor de Hebreus também afirma: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (13:8). Jesus mesmo afirmou: “antes que Abraão existisse, Eu Sou.” (João 8:58).

   Sua onisciência: Mesmo que o Filho de Deus tenha se despojado de Si mesmo e assumido a forma de servo (Filipenses 2:7), a Sua onisciência é claramente vista nos escritos do Novo Testamento. Em muitos relatos dos Evangelhos, percebemos que Jesus conhecia os pensamentos do Seu público (Mateus 9:4 12:25, Marcos 2:6-8; Lucas 6:8). Ele sabia de detalhes das vidas das pessoas antes mesmo de conhecê-las. Foi assim com a mulher samaritana que estava tirando água do poço de Sicar, Ele disse a ela: “Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade” (João 4:18). Jesus também diz aos Seus discípulos que o Seu amigo Lázaro estava morto, embora estivesse mais de 40 km de distância da casa de Lázaro (João 11:11-15).

   Seu poder: poderíamos citar muitos milagres que Jesus operou, mas um deles merece destaque, pois as palavras daquele que recebera a cura testificam do poder divino de Jesus: “Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença” (João 9:32). O povo de Deus já havia presenciado mortos ressuscitando (1 Reis 17:17-24; 2 Reis 4:32 37; 2 Reis 13:21), leprosos sendo curados (2 Reis 5), mas ninguém foi poderoso sufi ciente para curar um cego de nascença, a não ser Jesus.

   Jesus também tinha poder sobre a natureza. Os discípulos que presenciaram Ele acalmando uma tempestade ficaram atemorizados e disseram: “quem é este, que até o vento e o mar Lhe obedecem?” (Marcos 4:41). Seu poder divino também se mostrou por sua autoridade em perdoar pecados. De fato os judeus estavam certos em dizer: “Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?” (Marcos 2:7). E por isso Jesus provou que é Deus quando, antes de curar o paralítico, disse: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (Marcos 2:5).

 

TODOS O ADORARÃO

   O primeiro e o segundo mandamentos do decálogo deixam bem claro que Deus exige total e exclusiva adoração. Nesses dois mandamentos o Senhor proíbe que Seus fi lhos tenham outros deuses e que prestem qualquer tipo de adoração a outro ser que não seja a Ele. Essa foi a principal questão que impediu muitos judeus de conceberem a ideia de que Jesus era divino. O mundo judaico em que Jesus nasceu era intensamente monoteísta. Os judeus de dois milênios atrás consideravam a mais grave das heresias um ser humano colocar-se em lugar de Deus e ser adorado como tal. No entanto, Jesus de Nazaré fez exatamente isso. Infelizmente existem algumas religiões que mesmo pregando sobre Jesus, não O veem como Deus e não lhe prestam adoração. Todavia as Escrituras comprovam que Jesus foi e deve ser adorado, pois Ele é Deus e sempre será, vejamos:

   Em seu nascimento: quando ainda era um bebê, Jesus recebeu adoração dos homens. O texto de Mateus 2:11 nos diz o que fi zeram os magos ao encontrarem o menino Jesus: “Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram;”. 

   Pelo cego curado em Jerusalém: este exemplo já fora citado anteriormente, pois este cego que fora curado nunca havia enxergado antes. Pouco depois de haver sido expulso do templo, o homem encontrou novamente Jesus que então lhe perguntou: “Crês no Filho do homem? Ele respondeu: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? E Jesus lhe disse: Já o tens visto e é o que fala contigo. Então afirmou ele: Creio, Senhor.” E João acrescenta: “e o adorou” (João 9:35-38). Observe que Jesus não repreendeu o homem nem obrigou-o a se levantar, como certamente o faria se Ele fosse apenas um homem comum que casualmente fazia milagres. 

   Jairo, um dos principais da sinagoga: nesta outra ocasião um homem importante, que estava com sua filha à beira da morte (e de fato ela morreu), chega até Jesus para lhe fazer um pedido, mas antes de pronunciar qualquer palavra “aproximando-se, O adorou” (Mateus 9:18). Como no exemplo citado anteriormente Jesus não somente Se recusou a repreender o homem, mas atendeu ao seu pedido ressuscitando a menina.

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   Homens em um barco: essa ação foi o resultado daqueles que viram Jesus andando sobre as águas de um mar revolto. Quem poderia fazer isso? Quem seria tão poderoso? Algo assim só poderia ser feito por Deus. E quando Jesus entrou no barco, logo o mar se acalmou e maravilhados “os que estavam no barco o adoraram dizendo: Verdadeiramente és fi lho de Deus” (Mateus 14:33).

   A mãe de Tiago e João: Mateus conta da mãe dos fi lhos de Zebedeu chegando a Jesus para pedir-lhe privilégios especiais para seus fi lhos quando eles estivessem no Seu Reino. Primeiro, porém, ela “adorando-o, pediu-lhe um favor” (Mateus 20:20). Embora Jesus não tenha concedido o pedido egoísta da mulher, Ele não a repreendeu por ajoelhar-se diante dele publicamente. Lembrando que na cultura judaica, ajoelhar-se diante de alguém era uma clara atitude de adoração.

   Após a ressureição: se Jesus já era adorado antes de Sua morte, muito mais após Sua ressureição. O texto do Evangelho de Mateus narra a primeira aparição de Jesus após Sua ressureição quando vai ao encontro de algumas mulheres a as saúda. A atitude delas não foi outra senão lançarem-se aos pés de Jesus e o adorarem (Mateus 28:9).

   Na ascensão: Ao final de Sua presença na terra, Jesus encontrou-se com Seus discípulos no “monte que lhes designara. E, quando o viram, o adoraram” (Mateus 28:16-17).

   Existem outros textos que também comprovam a divindade de Jesus pelo fato de Ele ser adorado (Mateus 17:5; Lucas 5:8; João 20:28), inclusive o próprio Mestre reivindica a mesma honra que o Pai merece (João 5:23), pois Ele e o Pai são um (João 14:9-10). Podemos concluir este tópico que fala sobre a divindade de Jesus com as poderosas palavras do apóstolo Paulo, que disse: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, toda a língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fl 2:10).

 

ELE É A SEGUNDA PESSOA DA TRIUNIDADE

   Não em grau de importância, mas na ordem de atuação e manifestação de Deus na história da humanidade, Jesus é a segunda pessoa da triunidade. Ele é Deus encarnado, Aquele que “se esvaziou e assumiu a forma de servo, tornando-se em semelhança de homem” (Fl 2:7). Como vimos no estudo de hoje, Jesus é divino (Mateus 28:19-20; João 1:1; 1:18; 8:58; 10:30; 20:28; Atos dos Apóstolos 20:28; Romanos 9:5; Filipenses 2:5-8; Colossenses 1:14-19; 2:9; Tito 2:13; Hebreus 1:8; 1 João 5:20). Ele também possui atributos divinos: autoexistência (João 1:4; 5:26), eternidade (João 1:1; Hebreus 13:8), onipresença (Mateus 18:20; 28:20), onipotência (Mateus 28:18) e imutabilidade (Hebreus 13:8)28. Por isso afirmamos que Ele é Deus, como o Pai e como o Espírito Santo, formando a triunidade divina.

 

CONCLUSÃO

   Como é maravilhoso saber que Deus nos conhece em nossa totalidade. Sabe das nossas angústias, dores, fraquezas, fragilidades e limitações. Como ter certeza disso? Pelo fato de que Ele veio a este mundo e “calçou os nossos sapatos”, na pessoa de Jesus, o homem Divino. E no período que Ele esteve entre nós pudemos experimentar o Seu poder atuando no nosso meio e percebemos que para Ele todas as coisas são possíveis, até mesmo a ressureição  dos mortos. Inclusive tivemos a oportunidade de adorá-lO face a face. Deus esteve presente entre os homens e Se manifestou entre nós na pessoa de Jesus. Ao fi m do tempo determinado a história ira se inverter, ao invés de Deus vir habitar por um breve tempo com os filhos, os filhos irão habitar para sempre com o Pai. O Senhor nos mostrou o caminho para isso e este caminho é Jesus.

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

1. Na cultura oriental os nomes das pessoas representavam a personalidade, a história, o caráter, e outras características das mesmas. Você sabe o significado do seu nome? Quais os títulos divinos outorgados a Jesus comprovam Sua divindade?

R.

2. Cite e comente algumas características e atos da vida de Jesus que comprovam Sua divindade.

R.

3. Jesus deve ser adorado? Que textos comprovam que Jesus foi adorado enquanto esteve aqui neste mundo? Cite exemplos que provam esta ação antes e após Sua morte.

R.

4. Qual é a relação de Jesus na Triunidade divina?

R.

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