Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!    

Apocalipse 3:15 

INTRODUÇÃO

    “Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu” (Apocalipse 3:17 NVI). Não é fácil ouvir essas palavras, principalmente quando são proferidas pelo Senhor Jesus. Pode-se dizer que a carta direcionada à igreja de Laodicéia possui a mensagem mais dura a ser recebida. Nesta carta a igreja não recebe sequer um elogio, somente repreensão. Apesar de se considerar rica, o Senhor Jesus só vê pobreza, miséria e cegueira espiritual, pensava ser autossuficiente, mas não era nada e não tinha também nada a oferecer. Mas, qual a causa disso? É o que vamos descobrir no decorrer dessa lição. Aproveite a presença do Espírito Santo e mergulhe nessa descoberta.

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O PECADO DE LAODICÉIA

   No livro de apocalipse, o Senhor Jesus dá instruções a João para que envie cartas às sete igrejas da Ásia Menor. Tais igrejas sofriam com grandes provas, como por exemplo na igreja de Éfeso, sofriam com a pressão de falsas doutrinas e falsos mestres, doutrinas perigosas como a dos nicolaítas.  Em Esmirna, seu sofrimento era com grande pobreza; em Pérgamo, enfrentavam perseguições políticas, ao ponto de seu líder Antipas ser martirizado, essa cidade é descrita como “o lugar que Satanás habita”. Era um centro de adoração ao imperador. A tradição diz que Antipas foi assado vivo num grande recipiente de bronze.

   Em Tiatira, a igreja enfrentava o perigo das heresias que insistentemente tentavam entrar em seu meio e minar a saúde da igreja, como na carta faz-se referência à falsa profetiza Jezabel, que induzia a igreja à prostituição. Na igreja de Sardes, conhecida como a “igreja viva”, o Senhor a declara morta, que está vivendo em imoralidade e contaminando suas roupas. Na igreja de Filadélfia, não houve repreensão, antes o Senhor a reconhece como tendo pouca força, mas que não negou o Seu nome. Todas essas igrejas foram alertadas pelo doce amor do Mestre, mas duras foram as palavras dirigidas à igreja de Laodicéia. Quando Jesus se refere a essa igreja, traz um reflexo de como era a cidade de Laodicéia, na visão do Mestre, aquela igreja havia se tornado como aquela cidade.

   Laodicéia foi uma cidade fundada por volta do ano 250 a.C., por Antíoco da Síria, o nome foi uma homenagem a então esposa Laodice; nos tempos do império romano, essa cidade era a mais rica de toda a região da Frígia e a principal em todo o circuito das sete igrejas da Ásia. Possuía grandes centros bancários. Era localizada no Vale de Lico, onde se produziam uma lã negra brilhante que era usada na fabricação de mantos e tapetes negros pelos quais a cidade era conhecida. Laodicéia também foi o lar da escola de medicina e da manufatura de colírio. Por volta do ano 60 d.C., a cidade sofreu com um grande terremoto que a destruiu, mas essas riquezas foram providenciais em sua reconstrução, ela foi a única cidade atingida que não usou recursos públicos para ser reconstruída, por ser financeiramente independente.

   Outra referência a respeito dessa cidade era sobre suas águas, ela não possuía fontes próprias, suas águas vinham dos aquedutos que traziam águas das fontes termais de Hierápolis (famosas por seu poder curador) e das águas frescas de Colossos, e quando chegavam em Laodicéia, estavam mornas e tépidas. Então Jesus a repreende e a aconselha no verso 18 “Dou-lhe este conselho: Compre de mim ouro refinado no fogo e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar” (NVI). Ele usa essas figuras que colocaram a cidade em evidência, mas a pior de todas as figuras usadas por Jesus é a que está descrita no verso 16, quando Ele a chama de morna, em referência às águas que chegavam à cidade. Jesus sente-se nauseado com a igreja de Laodicéia.

   O Senhor Jesus não faz nenhuma denúncia contra a igreja, nem com problemas morais nem doutrinários. A igreja era teologicamente saudável, segura. Pode-se dizer que era uma igreja bem equilibrada e afinada quanto aos ensinamentos bíblicos ortodoxos. Não defendiam falsas doutrinas, como a de Balaão (Apocalipse 2:14), nem a da profetiza Jezabel (Apocalipse 2:20), nem tampouco a dos nicolaítas (Apocalipse 2:6) que desagradavam tanto ao Senhor Jesus, mas Ele diz sentir vontade de vomitá-la, o Senhor não declara ter nada naquela igreja que ofenda moralmente, ela era próspera e pacífica. Mas o problema era realmente sua mornidão espiritual, sua apatia, sua aridez, sua mesmice, ela não tinha fervor, era sem quebrantamento, sem arrependimento, era uma igreja que não tinha fome nem sede da Palavra.

   A igreja havia se tornado um reflexo da frieza existente naquela cidade, a autoconfiança dominava o coração da igreja, seu dinheiro, grande produção, seus conhecimentos médicos, a tornaram orgulhosa de si mesma, como está escrito no verso 17, “Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu”. E é esse orgulho que fez com que a igreja de Laodicéia deixasse Jesus do lado de fora, ao ponto de Jesus bater à porta e alertá-la que Ele já não está entre eles, que se alguém O ouvisse Ele estava disposto a compartilhar o pão espiritual com aquele (verso 20).

 

A IGREJA DE LAODICÉIA DEIXA JESUS DO LADO DE FORA

   A igreja de Laodicéia era uma igreja amplamente próspera, eles tinham muitos recursos e eram famosos, sua tranquilidade trouxe comodidade e frieza, a igreja já não sentia falta do Senhor Jesus, quando lemos o verso 20 do capítulo 3 de Apocalipse e avaliamos a grosso modo, passa a impressão de que ali Jesus está fazendo um convite, mas na verdade o chamado de Jesus em tal ocasião trata-se de uma repreensão, onde uma igreja estruturada, bem vista, sem escândalos aparentes, não está permitindo Sua participação. Tudo ali está fluindo em conformidade com a ortodoxia, mas como o próprio Senhor a chamou de morna, ocorre que eles não percebem a ausência do calor do Espírito Santo entre eles, a apatia da igreja de Laodicéia os impedia de ver a necessidade que tinham de ter o Senhor por perto.

   Viviam tão conformados e cômodos que, ao invés de a igreja transformar a cidade, a cidade havia transformado a Igreja, eles se tornaram crentes frouxos, não tinham nenhum entusiasmo e eram de um caráter fraco, estavam constantemente envolvidos com o mundo e de maneira desapercebida acabavam sempre se comprometendo com ele (o mundo). Eles tinham uma ótima impressão de si mesmos, sentiam-se seguros consigo mesmos. Acreditavam piamente serem boas pessoas e estavam satisfeitos com suas vidas espirituais, totalmente estagnados, paralíticos espirituais, mornos, apáticos, viviam em uma espécie de simulação, eram populares, satisfeitos com suas riquezas e orgulhosos de sua religiosidade. A verdade é que essa igreja ao viver dessa maneira, não percebe que deixando Jesus de fora de suas decisões e atitudes, acabou perdendo seu vigor (v. 16,17), ela perde totalmente seus valores (v.17-,8), sua visão (v. 18b) e suas vestes (v. 17-22). A vida espiritual da igreja era morna, indefinível, apática, indiferente e nauseante. A igreja era acomodada. O problema da igreja não era a heresia, mas a apatia.

   Era uma igreja morna em seu amor por Cristo, mas amava o dinheiro. Mas o doce amor do Mestre os chama ao arrependimento, o Senhor os oportuniza voltar atrás, abrir a porta e cear com Ele. Os conselhos dados por Ele são para um novo relacionamento. Porque o amor de Deus por Seus filhos se manifesta até em repreensão e castigo quando estes se desviam do caminho (v. 15-18). O objetivo da correção do Senhor é para nosso proveito, para sermos participantes da Sua santidade (Hebreus 12:10). A reação adequada à disciplina amorosa do Pai é o arrependimento (a mudança de nossa percepção errada), bem como o zelo para se afastar da perigosa e morna condição espiritual (v. 15,16).

 

AS CONSEQUÊNCIAS DA TEPIDEZ DE ONTEM E DE HOJE

   A igreja de Laodicéia era de Cristo, mas o que Senhor diz a seu respeito é que ela Lhe causa náuseas, a igreja de Laodicéia não gerava alegria no coração do Senhor Jesus, pelo contrário, o que Ele sentia era vontade de vomitar. Fomos salvos para nos deleitarmos em Deus e sermos delícia de Deus. Somos filhos de Deus, herdeiros de Deus, a herança de Deus, a menina dos olhos de Deus, a delícia de Deus. Mas quando perdemos nossa paixão, nosso fervor, nosso entusiasmo, provocamos dor em nosso Senhor, náuseas no nosso Salvador.65 É preciso compreender que o Senhor irá repudiar todo tipo de relacionamento que tivermos com Ele que não seja profundo e sincero. A igreja de Laodicéia acabou em ruínas, essa igreja perdeu sua oportunidade. O chamado de Cristo está em ouvir a Sua voz e abrir a porta (v. 20).

   A igreja julgava-se suficiente para si mesma, mas nossa suficiência deve estar unicamente n’Ele. Para Laodicéia, Cristo ofereceu Sua preciosa “mercadoria” (v. 18). O ouro representa o que há de maior valor, “o reino”, as vestes brancas, a Justiça e a Santidade ao Senhor, o colírio é oferecido para que fosse retirada a cegueira espiritual e para que houvesse discernimento em cada passo e decisão. Na verdade o conselho do Grande Senhor e Rei é que não confiemos em riquezas, seguranças terrenas nem mesmo na própria medicina, mas somente n’Ele. Jesus nos aconselha a reconhecer nossa pobreza e n’Ele buscar pela verdadeira riqueza, a nos cobrirmos e a sermos curados.

   Estamos vivendo uma crise de integridade na igreja. Há um abismo entre o que pregamos e o que vivemos; entre o que falamos e o que praticamos. A igreja tem discurso, mas não tem vida; tem carisma, mas não tem caráter; tem influência política, mas não poder espiritual. Há uma esquizofrenia instalada em nosso meio. Tornamo-nos uma igreja ambígua e contraditória, em que o discurso mascara a vida, e a vida reprova o discurso.

 

DESCOBRINDO A MANEIRA DE EVITAR O PECADO DE LAODICÉIA

    Cristo abre as portas da oportunidade para Suas igrejas: abre a porta da evangelização para Seus mensageiros; a porta do coração, aos ouvintes; a porta da salvação, para os perdidos; a porta do lar eterno, ao seu povo. Quando Sir Noel Paton pintou o famoso quadro representando o Rei coroado de espinhos batendo à porta, foi censurado porque esquecera de incluir a maçaneta da porta. Mas o célebre pintor de propósito omitira esse detalhe. A fechadura da porta está no lado de dentro; somente o dono da casa pode abrir a porta para o Mestre entrar – foi a explicação dada por ele.

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   Só existe uma maneira de uma igreja morna como Laodicéia ser curada de sua mornidão espiritual, e essa maneira é dada como solução pelo próprio Cristo, é preciso deixá-lO entrar. A religiosidade, a ortodoxia e a organização, podem sim existir sem ele e funcionar, mas quando prestamos culto em nossas igrejas e não contamos com a presença d’Ele, os cultos se mostram em meras apresentações, vazias e sem poder de Deus, não há sensibilidade que resista à frieza. Ele está à porta, pegue na maçaneta e abra. Só assim o orgulho que encheu a igreja de Laodicéia excluindo Jesus sairá de nosso meio, então será possível viver o contraste das bem-aventuranças, citadas por Cristo no início do sermão da montanha.

   Pois ao contrário desse orgulho que destruiu uma igreja inteira, o pobre de espirito é aquele que reconhece sua falência espiritual e sua incapacidade de prosseguir sem Ele, é aquele que entende que sua condição só pode ser mudada através da Divina Graça que nos alcançou. O orgulho torna o ser humano cego, ao ponto de pensar que ele não precisa de Deus ou pior que isso, que o Senhor tem o dever de o receber da maneira que está porque se julga “merecedor”. Que em nosso coração brote as belas sementes da bem-aventurança, e sejamos totalmente livres de tudo aquilo que nos destrói, pois a promessa foi feita a quem vencer. O Senhor diz que a esse dará o direito de se sentar com Ele em Seu Trono (Apocalipse 3:21).

 

APLICAÇÃO

   Cristo é descrito na carta à igreja de Laodicéia como o AMÉM de Deus (3:14), a palavra final. Diante do aprendizado severo que se tem através dessa carta, é preciso compreender; o que é orgulho? É o excesso de admiração que podemos sentir de nós mesmos, é algo que penetra o nosso ser e nos faz pensar e até mesmo acreditar que somos melhores que os outros. Isso existia na igreja de Laodicéia e fazia o Senhor Se sentir nauseado, a ponto de vomitar (3:16). Então diante disso, como ficar diante do PRUMO do Grande e Todo Poderoso Deus (Amós 7:7-8)? Ele sendo o Médico dos médicos (Salmos 103:3), qual o diagnóstico que Ele aplica, sendo Aquele cujos olhos são como chamas de fogo (Apocalipse 19:12)? O Senhor em Sua onisciência conhece até mesmo as palavras que você não chegou a proferir (Salmos 139:4), Ele é Deus que sonda as maiores profundezas de nossa alma (Hebreus 4:12). Sejamos capazes de nos render a Ele e deixar que se manifeste em nós, por nós e através de nós. 

 

CONCLUSÃO

   Foram feitos muitos alertas à igreja do Senhor deste mundo pós-moderno através da igreja arruinada de Laodicéia, o convite hoje é para a igreja da atualidade, para mim e para você: compre ouro refinado no fogo do Senhor, para te tornares verdadeiramente rico das riquezas eternas, compre vestes brancas e sejas cingido da justiça e busque a santificação, por fim, compre do colírio do Todo Poderoso para que seja possível ver o mundo espiritual e suas manifestações. Abra de todo seu coração a porta, afinal, a maçaneta está do lado de dentro. Abrace com todas as forças a oportunidade conferida a você. Porque o tempo aceitável para a salvação é agora e o dia é hoje (2 Coríntios 6:2). Possa o Senhor ajudar a cada um de nós a ouvir o que o Espírito diz às igrejas.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

1. Quais elogios o Senhor Jesus fez à igreja de Laodicéia?

R.

2. Quais conselhos o Senhor deu a ela?

R.

3. Porque o Senhor usou essas figuras para aconselhá-la?

R.

4. Onde o orgulho da igreja de Laodicéia a fez colocar Jesus? \

R.

5. Qual foi a promessa feita por Cristo àquele que conseguir vencer?

R.

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