E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.

Marcos 12:17 

INTRODUÇÃO

   O Departamento de Tesouraria é uma área muito importante na Igreja, que se não for bem cuidada pode gerar conflitos, dissenção e até mesmo divisão. Ao contrário, se for bem administrado e projetado, haverá progresso, o que acarretará em bênção e fortalecimento para toda a congregação.

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   Esse departamento possui uma responsabilidade muito grande e como vimos no estudo da semana, até mesmo Jesus ensinou que devemos ser responsáveis em relação às finanças. Na Sua administração com os discípulos também havia um tesoureiro, Judas Iscariotes, o qual cuidava de toda parte financeira, mostrando que Jesus também era muito organizado e nos dando o exemplo de como a Igreja deveria ser. Neste estudo, aprenderemos sobre algumas atribuições desse tão importante departamento e também veremos alguns exemplos bíblicos na área de finanças.

 

QUAIS AS PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES NA TESOURARIA?

   Primeiramente, antes de estudarmos quais são as atribuições de um tesoureiro, vamos aprender a etimologia da palavra. Tesoureiro é uma palavra usada para identificar aquele que cuida da parte financeira, seja de Igreja, empresa, bancos ou instituições que envolvam o setor financeiro.

   As principais atribuições de um tesoureiro, entre muitas, são: planejar ações de captação de recursos, organizar, controlar e dirigir os serviços da tesouraria, principalmente no que se refere a área financeira/contábil. É a pessoa responsável pelos pagamentos e planejamentos de custos e projetos da igreja ou instituição sob seus cuidados. Qualquer pessoa pode ser escolhida para essa função, desde que entenda de finanças e que seja de extrema confiança da Igreja, de sua equipe e do pastor, pois toda a questão financeira da Igreja está sob sua responsabilidade. O ideal ainda seria alguém com formação na área contábil, mas essa não é a realidade para muitas de nossas Igrejas.

As principais atribuições do tesoureiro são:

• Conferir diariamente ou semanalmente, dependendo da realidade de cada Igreja, todas as contas fixas a pagar;

• Realizar os pagamentos aos seus credores, fornecedores ou até mesmo se houver outros colaboradores que dependam ou são assalariados pela Igreja;

• Ficar atento se o caixa da igreja está em dia, com saldo positivo, e efetuar o controle do fluxo de entradas e saídas;

• Conferir as entradas de dízimos e ofertas ou até mesmo outros tipos de entradas na(s) conta(s) bancárias ou caixa local da Igreja.

• Fazer a conferência bancária e fechamento geral do caixa, repassando para a instituição contábil (empresa registrada no seu conselho de classe) as planilhas com entradas e saídas para que a mesma realize todos os procedimentos legais junto aos órgãos responsáveis (normalmente esse último procedimento acontece quando a Igreja é cadastrada com CNPJ).

   Enfim, são de responsabilidade do tesoureiro as tarefas de lançamentos bancários, conferir e lançar boletos (quando houver), cálculos e recebimentos das receitas, fechamento de caixa diariamente, semanalmente ou mensalmente, conferir todo tipo de movimento, cheques e outros documentos pertinentes ao departamento.

   Quando se fala em parte financeira, o orçamento da Igreja é algo extremamente importante, haja vista que o mesmo está diretamente ligado ao programa e ao trabalho da própria Igreja. Há Igrejas que, por incrível que pareça, não possuem um controle orçamentário, nem sabem o que é isso. É importante que o maior número de pessoas da Igreja participe na elaboração e aprovação do orçamento para determinar a finalidade do emprego do dinheiro entregue à Igreja, evitando assim, a necessidade de poucos tratarem dos negócios da Igreja.

ALGUNS PERSONAGENS BÍBLICOS NA TESOURARIA

   A tesouraria está presente na narrativa bíblica. Vejamos alguns personagens, que trabalhavam nesta área, mencionados na Palavra de Deus:

   Os filhos de Jeiéli: Zetã e Joel - estes estavam a cargo dos tesouros da Casa do Senhor (1 Crônicas 26:22);

   Neemias teve uma tesouraria durante a reconstrução dos muros de Jerusalém. Após a reconstrução, alguns cabeças das famílias traziam contribuições para o templo, que eram guardados pela tesouraria (Neemias 7:70-72);

   Jesus também teve um tesoureiro entre os seus discípulos, Judas, que era o que “carregava a bolsa”, sendo esse chamado de avarento ou ladrão, por subtrair tudo o que nela se lançava (João 12:6).

 

DEUS NOS CHAMA PARA SERVIR

   Podemos dizer que é uma honra ser escolhido e/ou eleito como tesoureiro, pois isso demonstra a confiança que a Igreja tem, porém não é uma tarefa simples, pois todas as atividades diárias exigem muita atenção e concentração. O tesoureiro não tem direito de gastar nenhum centavo fora do orçamento ou sem a autorização da Igreja. É o cargo de maior cobrança dentro do setor administrativo. Contudo, o apóstolo Paulo nos dá um conselho muito importante que deve ser aplicado em todos os departamentos da Igreja: “Tudo o que fi zerem, façam de todo o coração, como para o Senhor e não para as pessoas” (Colossenses 3:23). Isso não quer dizer que, se estamos fazendo para o Senhor, não devemos dar satisfação aos homens, muito pelo contrário, o tesoureiro deve satisfação de cada centavo que entra ou que sai do caixa da Igreja, mas o que o texto nos ensina é que independente do cargo que estamos exercendo dentro da Igreja ou fora dela, devemos fazer tudo com amor, servindo a Deus e ao nosso próximo, para que sejamos bem aventurados no Reino dos Céus.

   Em nosso estudo da semana, vimos que a questão do pagamento de impostos a Roma era um assunto delicado. Muitos zelotes argumentavam que pagar imposto a um monarca gentio era equivalente a uma traição ao Senhor (o verdadeiro Rei de Israel). As pessoas comuns debatiam-se com essa questão. Recusar-se a pagar os impostos colocava suas vidas e posses em risco; no entanto, eles não queriam ofender a Deus. Os fariseus estavam certos de que haviam apanhado Jesus, pois pensavam que suas únicas opções seriam apoiar uma rebelião contra Roma (o que o levaria a prisão) ou rebelar-se contra Deus (resultando na perda do apoio do povo).10 Jesus não somente desfez a armadilha deles, como também deu a resposta que procuravam, quando disse-lhes: “Deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, dando, assim, o exemplo que também devemos cumprir com as nossas responsabilidades financeiras enquanto estamos vivendo aqui nesta terra (Marcos 12:17). Neste exemplo vemos que a mistura entre finanças e o campo religioso não é algo fácil de se lidar.

   Na Bíblia podemos encontrar outro exemplo de Jesus em relação a isso, como vemos no livro de Mateus, capítulo dezessete a partir do versículo vinte e quatro. Esse texto nos diz que o próprio Jesus pagou Seus impostos, que neste caso não era o tributo romano, mas um tributo judaico do templo que custeava a sua manutenção. Quando Jesus e Seus discípulos chegaram a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam impostos das duas dracmas e perguntaram se Jesus também não as pagaria. Então, Jesus, para não os escandalizar, ordenou que Pedro fosse ao mar e lançasse o seu anzol, e no primeiro peixe que fisgasse ele encontraria em sua boca o valor a ser pago, que serviria para pagar o imposto de ambos (Jesus e Pedro). Mas que imposto era esse? Sua origem está na ordenança que Deus tinha dado ao povo quando este ainda estava no deserto. Toda pessoa, maior de 20 anos deveria ofertar meio ciclo de prata para manutenção do tabernáculo (Êx 30:11-16). Deus estabeleceu essa oferta anual para que não faltassem recursos para o serviço sacerdotal no Tabernáculo. Tal oferta se tornou, posteriormente, no imposto das duas dracmas que era destinado a manutenção do Templo (Mateus 17:24). Obviamente, nos nossos dias esse imposto não é mais cobrado e as despesas necessárias a manutenção dos nossos templos são supridas pela arrecadação dos dízimos e das ofertas.

   Um último exemplo que podemos assinalar, que relaciona a parte financeira e a Igreja, é o episódio em que Jesus, no pátio do templo, observa as pessoas trazendo suas ofertas e depositando no gazofilácio. Neste evento, o Mestre elogia a postura de uma pobre viúva que oferece uma singela oferta, mas que da sua pobreza, era tudo o que possuía (Marcos 12:41-44; Lucas 21:1-4). Da Bíblia King James – BKJ, extraímos o seguinte comentário:

   “O lugar onde as ofertas eram coletadas possuía um receptáculo com aberturas em forma de trombetas. Existiam pelo menos 13 destas aberturas e cada uma delas armazenava ofertas para fins específicos que eram administradas conforme seu destino apontava”.

   Jesus não censura o ato de dar ou recolher ofertas, nem como elas eram administradas, mas pontua a atitude correta em ofertar ao Senhor.

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APLICAÇÃO

   No que diz respeito à tesouraria da Igreja, é importante entender o seguinte.

   1 – Precisamos agir com honestidade.

   Essa é uma virtude fundamental, tanto para aquele que administra, quanto àqueles que fazem uso dos recursos financeiros da Igreja. No tempo do rei Josias, o templo precisou passar por uma reforma. E neste episódio encontramos uma narrativa que nos chama atenção no que diz respeito ao tema:

   “No décimo oitavo ano do seu reinado, o rei Josias mandou o escrivão Safã, filho de Azalias, filho de Mesulão, à Casa do Senhor, dizendo: — Vá pedir ao sumo sacerdote Hilquias que conte o dinheiro que foi trazido à Casa do Senhor, o qual os guardas da porta ajuntaram do povo. Que esse dinheiro seja entregue aos que dirigem a obra e têm a seu encargo a Casa do Senhor, para que paguem àqueles que fazem a obra na Casa do Senhor, para repararem os estragos do templo: aos carpinteiros, aos construtores e aos pedreiros. E que comprem madeira e pedras lavradas, para repararem os estragos do templo. Mas não é necessário que prestem contas do dinheiro que lhes foi entregue, porque são honestos.” (2 Reis 22:3-7).

   2 – Destinar com sabedoria os recursos.

   Um grande exemplo nos dá a Igreja Primitiva. Os que possuíam terras ou casas, vendiam e traziam os valores correspondentes e os depositavam aos pés dos apóstolos, que distribuíam com sabedoria à medida que alguém tinha necessidade (Atos dos Apóstolos 4:34 35). Assim, percebemos que os recursos financeiros da Igreja devem ser administrados com responsabilidade. É dever do tesoureiro auxiliar a Diretoria para que os valores cumpram seu papel e sejam bem aplicados no Reino de Deus, para que haja mantimento na Casa do Senhor a fi m de que todo o necessitado que se achegue ao Corpo de Cristo seja amparado.

   3 – É preciso temor.

   Toda obra realizada dentro do Reino de Deus deve ser feita com temor. No que diz respeito à mordomia das finanças não pode ser diferente. Não só o que recebe os recursos, mas também aquele que o destina, precisam agir com temor e responsabilidade. Ananias e Safira não agiram assim. Tentando enganar os apóstolos, fizeram um acordo para dizerem que sua propriedade foi vendida por um valor menor do que realmente foi vendido, a fim de separar parte da venda para si, o que lhes causou a morte, pois nada podemos esconder do Espírito Santo de Deus. (Confira-se Atos dos Apóstolos 5:1-11

 

CONCLUSÃO

   A tesouraria é um departamento importante. A estabilidade da Igreja, no que diz respeito a sua parte administrativa, depende em grande parte de um bom desempenho do tesoureiro, que com temor, amor e responsabilidade cuida dos recursos financeiros da mesma. Lembremos que a Igreja é uma instituição sem fins lucrativos, que custeia suas despesas única e exclusivamente com a arrecadação de dízimos e ofertas. Portanto, o trabalho do tesoureiro nesse quesito é fundamental. O tesoureiro ainda deve ter qualificações positivas, como: ser capaz (competente), ser verdadeiro, ter boa reputação e, acima de tudo, ser temente ao Senhor. Tendo essas qualificações, a Igreja estará confiando o departamento a uma pessoa comprometida em fazer com louvor o que lhe foi incumbido.

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE

1. Qual o significado da palavra “tesoureiro”?

R.

2. O que pode acontecer na Igreja se o departamento financeiro não for bem cuidado e administrado?

R.

3. O que precisamos entender a respeito da tesouraria da Igreja?

R.

4. O que o texto “Deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” quer dizer? (Marcos 12:17)

R.

5. Quais qualificações positivas um tesoureiro deve ter?

R.

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