Banner da lição da escola bíblica vigentePara se se ter uma vida espiritual saudável, a busca diária através da oração e da leitura bíblica não é algo opcional. Se quisermos permanecer de pé espiritualmente, mesmo sendo bombardeados todos os dias pelo inferno e todos os tipos de tentações, é imprescindível buscar na fonte eterna, que é Cristo Jesus, forças para cada dia de batalha. Cada cidadão do Reino de Jesus deve tomar sua carne, suas vontades e lançar-se de vez, sem olhar as circunstâncias adversas.

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Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.

Atos dos Apóstolos 8:4 

INTRODUÇÃO

   “Se enxerguei mais longe foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes.” 

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   Essa citação é atribuída a Isaac Newton (1643-1727), matemático, físico e astrônomo inglês. Newton estava reconhecendo que, por mais que tivesse realizado grandes descobertas e avanços no campo da Ciência, seu trabalho não surgiu em um “vácuo”, mas dependia das ideias e esforços de outros que vieram antes dele. 

   A Igreja Cristã, hoje presente em centenas de países em todo o mundo, também só chegou onde chegou pelo esforço incansável de muitos “gigantes” da fé, em seus dois mil anos de história. Em sua maior parte, homens e mulheres simples, sobre os quais nada ou muito pouco sabemos, mas que viveram pela fé em nome de Jesus e pregaram o Evangelho às pessoas à sua volta e em quaisquer circunstâncias. 

   Hebreus 11 capítulo conhecido como a “galeria da fé”, apresenta os nomes e feitos de algumas pessoas que “receberam bom testemunho por meio da fé” e nos servem de exemplo (Hebreus 11:39). Falando a respeito dos líderes que os precederam, o autor de Hebreus também exorta os seus leitores a observar bem o resultado da vida que tiveram e imitar a sua fé (13:7). 

   A partir desse contexto, em nossa lição desta semana conheceremos alguns dos nomes que se destacaram na história cristã por seu engajamento nas missões evangelísticas. Alguns  fazem parte da narrativa bíblica, outros vêm de um período posterior, mas todos eles combateram o bom combate, terminaram a corrida e guardaram a fé (2 Timóteo 4:7-8). Que o seu exemplo nos inspire enquanto nos envolvemos em missões e evangelismo cristão!

FILIPE128

   O Novo Testamento nos apresenta quatro personagens de nome “Filipe”, estando dois deles relacionados à história da Igreja primitiva: Filipe, o apóstolo e Filipe, o evangelista. É importante que prestemos atenção aos dados bíblicos, pois mesmo na época dos Pais da Igreja se percebe que alguns acabaram fazendo confusão entre os personagens (por exemplo, Clemente de Alexandria e Eusébio de Cesareia). É do segundo Filipe que trataremos nesta seção. 

   Filipe foi um dos sete primeiros diáconos eleitos na Igreja de Jerusalém (Atos dos Apóstolos 6:1-6). Lucas nos relata, no livro de Atos dos Apóstolos, que após a morte de Estêvão, o primeiro mártir cristão, “teve início uma grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. Todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e da Samaria(Atos dos Apóstolos 8:1). 

   Os judeus cristãos que foram dispersos iam por toda a parte pregando o Evangelho (v. 4). Filipe, o evangelista, foi até Samaria e manifestou aos samaritanos (os quais eram inimigos históricos dos judeus) o poder do nome de Jesus Cristo. “As multidões, unânimes, davam atenção às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele fazia” (v. 6). Muitos milagres foram realizados por seu intermédio: os doentes foram curados, os possessos foram libertos de demônios e houve grande alegria na cidade (v. 7-8). Tanto homens quanto mulheres foram batizados e se integraram à comunidade dos crentes (v. 12). O sucesso evangelístico de Filipe foi ouvido em Jerusalém, e a Igreja de lá enviou Pedro e João que oraram e impuseram as mãos sobre os novos convertidos (v. 14-17). 

   Obediente à ordem de um anjo do Senhor, Filipe se dirigiu a um caminho deserto, que desce de Jerusalém a Gaza (v. 26). Nessa estrada, encontrou um eunuco, alto oficial da rainha Candace, da Etiópia. Convidado a subir na carruagem, Filipe  explicou para ele a profecia do “Servo Sofredor” de Isaías 53, a qual predizia os sofrimentos e glórias do Messias. O texto nos diz “que começando com esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a mensagem de Jesus” (Atos dos Apóstolos 8:35), o que nos indica que Filipe tinha um bom conhecimento bíblico e entendia como as Escrituras apontavam para a pessoa de Jesus. Após manifestar sua fé recém-descoberta em Cristo, o eunuco foi batizado por Filipe (v. 36-38)129. A seguir, o Espírito Santo arrebatou Filipe e o levou até a cidade de Azoto. O texto conclui dizendo que “seguindo viagem, evangelizava todas as cidades até chegar a Cesareia” (v. 40). Possivelmente Filipe passou a residir em Cesareia, onde mais tarde hospedou o apóstolo Paulo e Lucas (Atos dos Apóstolos 21:8). Assim, vemos que Filipe: 1) cria no poder de Cristo para realizar sinais e maravilhas; 2) era sensível às orientações do Espírito Santopara o seu ministério; 3) possuía conhecimento das Escrituras, sendo capaz de explicá-las aos outros; e 4) aproveitava as oportunidades para compartilhar o Evangelho, onde quer que etivesse. Acredito que podemos afirmar também que Filipe era um bom líder cristão dentro de seu próprio lar, ensinando a sua família, visto que quatro de suas filhas receberam o dom de profecia (Atos dos Apóstolos 21:9).

PEDRO130

   Pedro (também conhecido na Bíblia como Simão, Simeão ou Cefas) era um pescador natural de Betsaida (João 1:44). Possuía uma casa em Cafarnaum (Marcos 1:29) e era irmão de André, que também se tornaria apóstolo de Cristo. Era casado (Marcos 1:30) e mais tarde, quando estava envolvido em viagens missionárias, sua esposa passou a ser sua parceira ministerial (1 Coríntios 9:5). 

   Como um homem simples, Pedro possuía uma educação limitada e falava a língua aramaica, com um forte sotaque galileu (Mateus 26:73 Marcos 14:70). Devido à sua profissão, possivelmente  também conhecia um pouco do grego. Os estudiosos entendem, a partir dos vários relatos do Novo Testamento, que era um homem do campo, simples e impulsivo em sua personalidade. 

   Percebe-se pelos Evangelhos que Pedro foi um apóstolo com participação muito ativa durante o ministério de Jesus. Juntamente com Tiago e João, compunha o “círculo interno” de Jesus, aqueles que sempre estavam mais próximos a Ele. Em muitas ocasiões Pedro se dirigia a Jesus em nome dos Doze. 

   Pedro caiu profundamente em pecado, ao negar o seu Senhor três vezes (Mateus 26:34-75), o que mostra que nenhum de nós está isento de cair; mas se arrependeu e recebeu uma aparição pessoal do Cristo ressurreto (Lucas 24:33-34; 1 Coríntios 15:5). Perante os demais apóstolos, Cristo comissionou Pedro a apascentar as Suas ovelhas (João 21:15-17). 

   Pedro desempenha um papel essencial na primeira parte do livro de Atos dos Apóstolos, ocupando a liderança da Igreja de Jerusalém (um papel que depois é passado para Tiago), embora não existam bases bíblicas ou históricas para identificar o apóstolo como o “primeiro papa”. Foi ele quem apontou a necessidade da escolha de um substituto para Judas (Atos dos Apóstolos 1:14-26). Estava diretamente envolvido quando o Evangelho chegou aos judeus (Atos dos Apóstolos 2:14-41), aos samaritanos (Atos dos Apóstolos 8:14-25) e aos gentios (Atos dos Apóstolos 10). Cerca de três mil pessoas se converteram com a sua pregação no Pentecostes! Participou no Concílio de Jerusalém, explicando que não havia mais distinções rituais entre judeus e gentios (Atos dos Apóstolos 15:6-11). Trabalhou com evangelismo em Jerusalém, Antioquia, Samaria, Lídia, Jope, Corinto e Roma. 

   Duas das cartas de Pedro estão no Novo Testamento. O testemunho da Igreja Primitiva é que também foi Pedro quem relatou os eventos do ministério de Jesus a Marcos, que os colocou por escrito em seu Evangelho. Por fim, por amor a Jesus, Pedro foi martirizado em Roma durante as perseguições do imperador Nero, por volta de 68 d.C., sendo crucificado de cabeça para baixo. 

 

BARNABÉ

    José era um judeu da tribo de Levi e natural da ilha de Chipre. Era primo de João Marcos (Colossenses 4:10). A Bíblia nos informa que Barnabé vendeu uma propriedade particular e trouxe o dinheiro até os apóstolos, a fim de suprir as necessidades dos membros mais pobres da comunidade cristã de Jerusalém (At4:36). Recebeu dos apóstolos o nome de “Barnabé”, que quer dizer “filho de exortação”. 

   Barnabé foi enviado pela Igreja de Jerusalém para averiguar o crescimento da obra cristã em Antioquia da Síria, que estava avançando devido à pregação dos que haviam sido dispersos (Atos dos Apóstolos 11:19). Relata Lucas que “quando ele chegou e viu a graça de Deus, ficou muito alegre. E exortava todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor. Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.” (Atos dos Apóstolos 11:23-24

   Barnabé também teve um papel importante no ministério do apóstolo Paulo. Foi ele quem apresentou Paulo aos demais apóstolos e apresentou testemunho favorável acerca dele (At 9:27). Muitos estavam desconfiados da “conversão” de Paulo, supondo que era uma estratégia de sua perseguição contra a Igreja, mas Barnabé ajudou a convencê-los de sua sinceridade. 

    Em uma época de grande fome, Barnabé e Paulo trouxeram juntos de Antioquia uma oferta para auxiliarem os seus irmãos em Jerusalém (Atos dos Apóstolos 11:29-30). Nessa época, foi reconhecido que Paulo e Barnabé haviam recebido um chamado para pregar entre os gentios (Gálatas 2:9). Apesar de um momento de tropeço (Gálatas 2:13), Barnabé desempenhou um papel importante para a entrada dos gentios na Igreja, sem a necessidade de se submeterem à lei judaica (Atos dos Apóstolos 13:46; 15:2, 12, 22, 25). 

   Embora Paulo e Barnabé tenham passado por uma desavença sobre o trabalho missionário (Atos dos Apóstolos 15:39), conseguiram se “acertar” posteriormente (1 Coríntios 9:6). Tradições posteriores da Igreja associam o trabalho de Barnabé a Roma e Alexandria. 

    Alguns pais da Igreja acreditavam que a carta aos Hebreus era de autoria de Barnabé. Mas outros documentos não canônicos, como a “epístola de Barnabé” e o chamado “evangelho de Barnabé”, sem dúvida não são de sua autoria.

TIMÓTEO 

   Timóteo possivelmente nasceu em Listra, província romana da Galácia, embora alguns propuseram a cidade de Derbe. De certa forma não era um judeu “legítimo”, já que sua mãe era uma judia crente, mas o seu pai era grego (Atos dos Apóstolos 16:1). Sua avó Loide e sua mãe Eunice possivelmente se converteram durante o trabalho missionário de Paulo em Listra e Derbe (At 14; 2 Timóteo 1:5). Desde a infância, ele ouviu delas os ensinos das Escrituras (2 Timóteo 3:15).    Na segunda viagem missionária de Paulo, ele ouviu acerca do bom testemunho que Timóteo tinha entre os irmãos de Listra e Icônio, e resolveu levá-lo em sua companhia (Atos dos Apóstolos 16:2). Timóteo aceitou receber a circuncisão, não porque esta era uma questão salvífica (conforme o livro de Gálatas deixa bastante claro), mas porque assim, o Evangelho poderia penetrar mais facilmente nas regiões habitadas predominantemente por judeus, evitando discriminações. É um exemplo do princípio que Paulo nos ensina em 1 Coríntios 9:22-23: “Fiz-me tudo para com todos, a fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, para ser também participante dele.”A parceria de Paulo e Timóteo produziu muitos frutos para a Igreja cristã primitiva. 

   Atos dos Apóstolos 16 apresenta Timóteo com Paulo, Silvano e mais tarde Lucas, evangelizando várias províncias até chegar à Europa. Conforme Atos dos Apóstolos 17 Timóteo e Silas foram deixados por Paulo em Bereia para continuarem seu trabalho, durante um período. Logo depois, Timóteo foi encontrar Paulo em Atenas, e em seguida, foi enviado à Tessalônica. Mais tarde, partiu para Corinto levando as boas notícias a Paulo (1 Ts3:6-7). 

   Após a sua primeira prisão, Paulo deixou Timóteo em Éfeso para suprir as necessidades da igreja local. Timóteo foi ordenado para o serviço pastoral. Paulo e os presbíteros impuseram sobre ele as mãos, e ele recebeu um dom do Espírito Santo para servir à Igreja (1 Timóteo 1:18; 4:14; 2 Timóteo 1:6). Duas cartas do Novo Testamento (1 e 2 Timóteo) foram endereçadas pelo apóstolo a ele. 

   Que tomemos também para nós o conselho do apóstolo Paulo ao seu amado discípulo: “Mas você seja sóbrio em todas as coisas, suporte as aflições, faça o trabalho de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério.” (2 Timóteo 4:5).

 PAULO134

   Sem dúvida, faltaria espaço para comentarmos apropriadamente de Paulo, o maior líder na história da Igreja. “Não posso pensar em outro escritor, antigo ou moderno, cujo estudo seja tão ricamente gratificante quanto o de Paulo”, afirmou o erudito evangélico F. F. Bruce. Nascido em Tarso na Cilícia (Atos dos Apóstolos 21:39), um centro da cultura grega, Saulo (seu nome judaico) era um israelita da tribo de Benjamim e zeloso fariseu, um rigoroso servo da lei (Romanos 11:1; Filipenses 3:5; Atos dos Apóstolos 23:6). Por ver o Cristianismo como uma heresia perigosa ao Judaísmo, decide exterminar esse caminho,perseguindo os seus seguidores e acreditando que estava prestando um favor a Deus (Atos dos Apóstolos 7:58; 9:1-2; 26:9-11; Gálatas 1:13). Paulo acaba “caindo do cavalo” (metaforicamente!) quando o próprio Cristo lhe aparece e o comissionou para ser Seu apóstolo aos gentios (Atos dos Apóstolos 9; 1 Coríntios 15:8). Uma verdadeira mudança de 180 graus! Ao longo do livro de Atos dos Apóstolos, aprendemos que Paulo envolveu-se em três viagens missionárias (44-50 d.C.; 50-54 d.C.; 54-58 d.C.). A estratégia missionária usada pelo apóstolo pode ser resumida da seguinte forma135:

• “Ele trabalhava nos grandes centros urbanos, para que dali a mensagem se propagasse nas regiões circunvizinhas;• Pregava nas sinagogas, a fim de alcançar judeus e prosélitos gentios;• Focava sua pregação na comprovação de que a nova dispensação é o cumprimento das profecias da antiga dispensação;• Percebia as características culturais e as necessidades dos ouvintes. Assim ele aplicava tais particularidades em sua mensagem evangélica;• Mantinha o contato com as comunidades cristãs estabelecidas. Esse contato se dava por meio da repetição de visitas e envio de cartas e mensageiros de sua confiança; 

• Estava atento às desigualdades presentes na sociedade de sua época, e promovia a unidade entre ricos e pobres,  gentios e judeus. Além disso, ele solicitava que as igrejas mais prósperas auxiliassem os mais pobres.”

   Paulo é o autor de treze epístolas que compõem o nosso Novo Testamento: Romanos, 1 e 2 Co, Gl, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom (também há quem defenda que o livro de Hebreus seja de sua autoria). Assim como Pedro, Paulo foi martirizado durante as perseguições do imperador Nero, sendo decapitado junto da estrada de Óstia, fora da cidade de Roma.

 

IRMÃOS MORÁVIOS138

   No século XVII, as igrejas reformadas da Alemanha estavam cada vez mais frias espiritualmente. Um avivamento se tornava necessário para despertar as pessoas. Em 1666, Philip Spener convocou um grupo de irmãos de sua igreja para reuniões regulares de estudo da Bíblia e oração em sua residência. Esse foi o marco do início do movimento Pietista. August Francke definiu [] como “uma vida mudada, uma igreja reavivada, uma nação reformada e um mundo evangelizado”. O Pietismo teve uma grande influência sobre a organização de agências e iniciativas missionárias. Da Universidade de Halle, partiram missionários para a África, América, Ásia, Ilhas do Pacífico, Índia e outros lugares. 

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   O conde Nicolau Von Zinzendorf é talvez o pietista mais conhecido. Quando jovem, estudou na Universidade de Halle. Em uma viagem, se deparou com o quadro “Ecce Homo”, onde Cristo era retratado dizendo as seguintes palavras: “Dei minha vida por você; o que você faz por mim?”. Tocado por essa reflexão, Zinzendorf decidiu se dedicar ao trabalho de Cristo. 

   Em 1722, Zinzendorf deu abrigo a um grupo de 300 pessoas que fugiam da perseguição religiosa na Morávia (Áustria e Leste Europeu). Eram seguidores dos ensinos de John Huss. Esse grupo de imigrantes deu origem aos conhecidos “Irmãos Morávios”. Adotavam a simplicidade como modo de vida e assistiam aos necessitados de sua sociedade.   Ouvindo sobre a necessidade de mais missionários na Groenlândia e na Índia, os irmãos morávios despertaram para as missões transculturais. Enquanto na época se acreditava que a realização de missões era um dever do Estado, os irmãos morávios criam que era uma responsabilidade de toda a Igreja. 

   Suas missões alcançaram até os confins da Terra. A sua mensagem era simples: o amor de Cristo. Seu lema missionário era: “Conquistar para o Cordeiro a recompensa de seu sacrifício”. 

   Como leigos, trabalhavam para o seu próprio sustento, criavam vínculos de amizade com os moradores locais e se comprometiam também com o desenvolvimento social e econômico da sociedade. Respeitavam a cultura dos povos, sem impor costumes europeus. John Wesley foi profundamente impactado pela paz de espírito que encontrou entre os crentes morávios, durante uma tempestade em uma viagem marítima.

WILLIAM CAREY139

   William Carey (1761-1834), conhecido como o “Pai das Missões Modernas”, nasceu em uma família pobre na Inglaterra. Não teve educação formal, mas estudava muito por conta própria. Aos 21 anos, havia aprendido sozinho latim, grego, hebraico e italiano. Até o momento da sua morte, havia traduzido a Bíblia integralmente para os idiomas Bengali, Sânscrito, Panjabi e Marata. 

   Converteu-se a Cristo em 1776 e em 1779 se uniu a um grupo que viria a se tornar Batista. Foi batizado nas águas em 1783. Casou-se com Dorothy Plackett, com quem teve seis filhos (duas meninas e quatro meninos). As duas meninas e um menino morreram na primeira infância. 

   Carey tinha uma grande paixão em alcançar os povos do mundo para o Evangelho. Embora sofresse oposição de outras pessoas da Igreja, pregava a necessidade do envolvimento em missões estrangeiras. Tomando Isaías 54:2 como texto base, pregava sobre o tema: “Esperai grandes coisas de Deus; praticai proezas para Deus”. 

   Em 1792, viajou com sua família em uma missão à Índia. Em 1800, batizou no rio Ganges o seu primeiro convertido. Isso nos recorda que muitas vezes temos de esperar um tempo para começar a ver os frutos de nossos esforços (e às vezes, não os veremos nessa vida). Não devemos ser imediatistas! Trabalhou como missionário por mais de 40 anos entre os hindus. Durante esse tempo, lutou contra o sistema de castas (que marginalizava certos grupos de pessoas), o sacrifício de viúvas e o infanticídio. Fundou a Faculdade de Serampore, uma escola de treinamento para pastores e missionários e ajudou a conduzir mais de mil indianos à fé em Jesus Cristo. O trabalho de Carey deixou uma grande marca na Igreja. Durante o século XIX, novas agências missionárias surgiram na Inglaterra, nos Estados Unidos, no Canadá, e nos países da Europa.

HUDSON TAYLOR140

   Hudson Taylor nasceu em 21 de maio de 1832, em um lar Metodista na Inglaterra. Converteu-se a Cristo aos dezessete anos, como resultado das orações de sua mãe. Quatro anos depois, em 19 de setembro de 1853, mesmo sem treinamento formal, Taylor partiu como missionário para a China, com a Sociedade Chinesa de Evangelização.

   Aprendeu rapidamente a língua e dedicou-se a dez extensas viagens evangelísticas ao interior do país. Quase cinco anos após chegar à China, casou-se com a missionária Maria Dyer, com quem teve oito filhos. Três morreram no nascimento e dois na infância. Os que viveram até a idade adulta tornaram-se missionários na missão fundada pelo pai (China Inland Mission). O casal permaneceu junto por doze anos, até a morte de Maria devido à cólera, aos trinta e três anos. 

   Taylor tinha o hábito de ir para a cama cedo e se levantar às cinco horas da manhã para estudar a Bíblia e orar (muitas vezes por duas horas), antes do trabalho do dia. Em carta à sua mãe, Taylor escreveu: “...se o Senhor não tivesse sido especialmente gracioso para comigo, se minha mente não tivesse sido sustentada pela convicção de que o trabalho é dele e que Ele está comigo ... eu teria enfraquecido ou desmoronado. Mas a batalha é do Senhor e Ele conquistará.”    Em 1870, Taylor voltou à Inglaterra, onde se casou com Jennie Faulding. Eles permaneceram casados por trinta e três anos, até ela morrer em 1904, um ano antes dele. Em 1905, Taylor retornou à China, em sua última viagem. Faleceu em Changsha, Hunan, aos setenta e três anos de idade. Em 1900, havia cem mil cristãos na China. Hoje são cerca de 150 milhões, e Taylor e sua missão evangelística têm um papel nessa história. Na obra de Deus, um planta, outro rega, mas é Deus quem dá o crescimento (1 Coríntios 3:6). A história de Taylor é mais uma demonstração de que a vida de um missionário cristão não é isenta de angústias, castigos e sofrimentos, mas a coroa da justiça está guardada aos servos fiéis. Ele via o sofrimento como a maneira usada por Deus para aprofundar e incentivar sua experiência de união com Cristo. Encerramos essa seção com a seguinte citação de Taylor: “Confie nisso, a obra de Deus, feita da maneira de Deus, nunca terá falta do suprimento de Deus”.

MISSIONÁRIOS PROTESTANTES QUE TROUXERAM O EVANGELHO PARA O BRASIL141

   Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a população evangélica do Brasil conta com mais de 40 milhões de pessoas, uma das maiores do mundo. Nosso país tem também contribuído para o movimento missionário global, ainda que não com todo o seu potencial. Qual foi o começo disso tudo? 

   Em 1517, a Reforma Protestante iniciou na Europa, com Martinho Lutero. Em 1557, um grupo de huguenotes (como eram conhecidos os protestantes calvinistas franceses) buscou, no Brasil, refúgio das perseguições. Instalaram-se nas ilhas hoje conhecidas como Villegagnon, do Governador Flamengo e Laje. O primeiro culto protestante foi realizado em nossas terras em 10 de março de 1557. Em 21 de março, foi realizada a primeira Ceia do Senhor

   Sendo expulsos de suas terras, começaram a evangelizar os índios tupinambás, uma das tribos que habitava ao longo  da costa brasileira. Esse foi o primeiro contato missionário protestante com um povo não europeu. 

   Decidiram retornar à França, mas como logo no começo da viagem o seu barco ameaçava naufragar, cinco deles resolveram voltar à terra: Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques Le Balleur. Após seu retorno, foram aprisionados pelo oficial Villegagnon, que lhes apresentou uma série de questões teológicas e exigiu uma resposta escrita dentro de doze horas. Esses leigos redigiram o documento conhecido como “Confissão de Fé da Guanabara”, em 17 de janeiro de 1558. Por não negarem as suas convicções religiosas, foram condenados à morte. Lafon foi poupado por ser o único alfaiate da colônia, com a condição de não divulgar suas ideias religiosas. Balleur conseguiu fugir, mas acabou sendo enforcado em 1567, ao não aceitar se submeter à fé católica. Um sacerdote acompanhava o réu até o local de execução, e no caso de Balleur, foi o conhecido padre José de Anchieta. 

   Foi apenas a partir do século XIX que nosso país testemunhou a implantação definitiva da fé evangélica em suas terras, especialmente com a chegada de imigrantes (“Protestantismo de Imigração”). Nesse século, também começaram a chegar missionários de vários países, com o propósito de evangelizar nossa terra (“Protestantismo Missionário”). 

   A Igreja Metodista Episcopal foi a primeira denominação evangélica a iniciar suas atividades missionárias no Brasil (1835-1841), com os obreiros Fountain E. Pitts, Justin Spaulding e Daniel Parish Kidder. Fundaram no Rio de Janeiro a primeira escola bíblica dominical do país. A sua primeira igreja foi estabelecida em 1878. Os missionários pioneiros da Igreja Presbiteriana foram Ashbel Green Simonton (1859), Alexander L. Blackford (1860) e Francis J. C. Schneider (1861), estabelecendo a sua primeira igreja no Rio de Janeiro, em 1862. Os primeiros missionários Batistas, Thomas Jefferson Bowen e sua esposa (1859-1861), não foram bem-sucedidos. William B. Bagby, Zachary C. Taylor e suas esposas chegaram em 1881-1882, fundando a primeira igreja Batista em Salvador, Bahia. 

   Entre as décadas de 1910 e 1940 o ramo cristão pentecostal chega ao país, com a  presença da Congregação Cristã no Brasil, pelo missionário italiano Luigi Francescon (1866-1964), e da Assembleia de Deus, pelos missionários suecos Daniel Berg (1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933). Desde o princípio, os missionários trabalharam incansavelmente para que o Evangelho chegasse até nós hoje, servindo como um modelo para que também sigamos as suas pegadas.

CONCLUSÃO

   Ao longo desta lição, ressaltamos uma série de personagens que se destacaram pelo seu envolvimento em evangelismo e missões, na história cristã. Tais pessoas não eram perfeitas, longe disso! Mas foram pessoas que creram em Deus e Suas promessas, envolveram-se em Sua obra e esperaram grandes coisas. Que tais relatos possam nos inspirar a participarmos cada vez mais do “Ide” deixado por Cristo à Sua Igreja. Visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, corramos a carreira que nos está proposta (Hebreus 12:1)!

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CL ASSE

1. Por que é importante conhecermos relatos de algumas das pessoas que se envolveram em evangelismo e missões na história da Igreja?R.

2. Que características em comum você pensa que essas várias pessoas possuíam, apesar de suas diferenças étnicas e históricas?R. 

3. De qual ou quais personagens você mais gostou de ler a respeito nesta lição?R.

4. Que lições você considerou mais importantes ao longo desse estudo?R.

5. De que forma você e sua Igreja local também estão participando da história das missões em nosso país e mundo?R.

SUGESTÕES DE BIBLIOGRAFIASAlan Kreider. O Paciente Fermento da Igreja Primitiva: O Improvável Crescimento do Cristianismo no Império Romano. Maceió: Sal Cultural, 2017.James L. Garlow. Deus e Seu Povo: A História da Igreja como Reino de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.Michael Green. Evangelização na Igreja Primitiva. São Paulo: Vida Nova, 2020.

 

 

 

 

 

 

 

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