E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.

Mateus 9:35

INTRODUÇÃO

   Quando ouvimos falar em missões e não temos um conhecimento muito aprofundado sobre o tema, pode ser que nos venha à mente aqueles missionários famosos que realizam missões transculturais nos países distantes da África, como David Livingstone por exemplo. Esses homens e mulheres realizavam essa importante obra em áreas com poucos recursos materiais, com escassez de quase tudo, e, com dificuldades extremas, locais que a perseguição dos nativos poderia ser intensa e violenta, onde inclusive muitos desses servos de Deus perderam suas vidas. Esses conceitos e pensamentos iniciais podem desvirtuar um pouco do tema que temos proposto para o estudo de hoje, de maneira que, quando se fala em missões nas cidades, não se pode diminuir a importância de se estudar esse assunto, considerando-o menor ou menos importante do que missões transculturais em povos distantes e de difícil acesso. 

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   Observa-se que tanto na atualidade, como em tempos antigos que remontam desde a igreja primitiva, já existiam missões dentro das cidades. Hoje se faz ainda mais necessário o estudo desse tema, pois o mundo gira em torno das grandes metrópoles, e quanto mais o tempo passa, mais as pessoas migram das áreas rurais para a área urbana, só no Brasil são milhões de pessoas vivendo nas cidades, como apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE): “De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015 a maior parte da população brasileira, 84,72%, vive em áreas urbanas. Já 15,28% dos brasileiros vivem em áreas rurais.” 

 

 

   Dessa maneira, faz-se muito necessário procurar entender esse contexto de missões nas cidades, pois como acabamos de ver, é onde está localizada a maioria da população nos países, e, também essa é a realidade na qual muitos de nós estamos inseridos.

POR QUE PAULO EVANGELIZOU E PLANTOU IGREJAS NAS MAIORES CIDADES DA ÁSIA E NA EUROPA?

   Ao estudarmos o livro de Atos dos Apóstolos e os escritos paulinos (as epístolas), nos deparamos com Paulo pregando a Palavra de Deus e levando as Boas Novas do Evangelho aos povos, em diversas grandes cidades da Ásia e da Europa. Apesar da enorme diferença das cidades daquele tempo, tanto em tamanho de população, como cultura, hábitos, costumes entre outros, com as metrópoles que vivemos na atualidade  ainda assim, naquela época era onde se concentrava também, grande parte dos habitantes do mundo de então. 

   Ao que parece, a igreja cristã primitiva, que inicialmente começou em Jerusalém e em pequenas aldeias judaicas, com judeus convertidos ao cristianismo, agora com Paulo inicia sua expansão pelas cidades maiores e também para os gentios que habitavam nessas localidades. No “Dicionário de Paulo e suas cartas” temos a seguinte afirmação sobre a missão de Paulo nas cidades: “A missão empreendida por Paulo levou a uma notável mudança social na Igreja cristã primitiva. Ela deixou de ser um movimento predominantemente palestino e rural e passou a ser um movimento gentio e urbano. Os horizontes paulinos eram dominados pelo ethos (ήθος é uma palavra com origem grega que significa: costume, uso, hábito) da cidade, não pelo do campo”. 

   O apóstolo Paulo fez suas viagens missionárias por cidades muitas vezes posicionadas estrategicamente em rotas comerciais terrestres e marítimas como Éfeso que era um centro comercial político e religioso, localizada próxima ao Mar Mediterrâneo. Também por cidades portuárias como Corinto, com um grande fluxo de pessoas vindas de diversas regiões. Como também Atenas, um centro cultural da época, entre outros muitos locais visitados pelo apóstolo em suas viagens missionárias. Todas essas cidades por onde Paulo andou e plantou também muitas igrejas, possuíam grandes possibilidades de disseminação do Evangelho. Esses locais onde, em nossa visão, possivelmente estariam muito propícios para que a obra do Senhor tivesse seu crescimento de certa forma facilitada e até ampliada. Existia a possibilidade de alcançar um maior número de pessoas, tanto pela grande população local, como pela concentração de negócios. Os viajantes que por ali passavam que acabavam levando alguma coisa em suas mentes e corações, algum ensinamento que, possivelmente, recebessem da Palavra de Deus para seus locais de origem. 

   Outro fato importante a ser destacado sobre o motivo pelo qual, Paulo evangelizou e plantou igrejas nas maiores cidades  da Ásia e da Europa, era que elas por suas características culturais eram mais receptivas a novos pensamentos como observamos no “Dicionário de Paulo e suas cartas”:

   “As cidades tinham um potencial muito maior para a missão paulina que as aldeias. Isso acontecia não só por causa de seu óbvio valor em relação à comunicação em resultado da linguagem comum e da localização favorável nas rotas comerciais, para difundir a boa nova, mas por razões mais profundas ligadas a seu caráter. As aldeias eram de caráter conservador e demonstravam pouca franqueza. Eram economias de subsistência sem nenhuma oportunidade para mobilidade social ascendente. As cidades eram muito mais abertas. Possuíam poder e potencial para mudança. Nelas viviam pessoas com mentes mais independentes, abertas à nova mensagem do Evangelho de Jesus Cristo”. 

   Nesse contexto são pessoas com mentes mais abertas e por este motivo, mais dispostas a receber as verdades do Evangelho. É bem possível que Paulo sabendo disso, entendeu que sua missão nas cidades seria muito mais produtiva para a expansão do Reino de Deus, dessa maneira investiu nessa estratégia. Isso serve muito para nós nos dias atuais, no campo missionário e evangelístico. Precisamos aproveitar toda e qualquer situação, com sabedoria e discernimento das oportunidades que surgirem diante de nós para proclamarmos o Evangelho de salvação para todos os povos, e nesse caso específico que estamos estudando, para os povos das cidades.

FUNDAMENTOS BÍBLICOS PARA EVANGELIZAR AS CIDADES

   Na Bíblia, além do apóstolo Paulo, existem alguns relatos de outros homens de Deus que evangelizaram nas cidades. No Antigo Testamento, por exemplo, podemos fazer referência a Jonas que evangelizou na época, a grande cidade de Nínive, capital do Império Assírio, um povo inimigo. É claro que a situação de Jonas é muito peculiar, pois bem se sabe com a leitura de seu pequeno livro (apenas 4 capítulos), que em  nenhum momento foi sua intenção, sair voluntariamente para evangelizar aquele povo, mas Deus o enviou e praticamente o “obrigou” a realizar aquela missão. De qualquer maneira, esse é sim um exemplo de missão em cidades do Antigo Testamento.O Senhor se importou com aquele povo que habitava naquele lugar, pois tinha um propósito, por isso enviou seu servo o profeta para pregar o arrependimento e falar a respeito da Palavra de Deus para aquelas pessoas. 

   Caminhando um pouco mais e chegando no Novo Testamento, antes mesmo de Paulo já mencionado nesta lição, Jesus e os apóstolos já evangelizavam e levavam a Palavra de Deus para os povos nas cidades. Como citado no texto bíblico base da lição de hoje....“E Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todo tipo de doenças e enfermidades” (Mateus 9:35). Essa era uma prática de Jesus, assim como foi posteriormente de Paulo, levar as Boas Novas para diversas regiões. Como diz Rienecker em seu comentário bíblico: 

   “Jesus percorria a região. Ele procurava as pessoas lá onde estavam em casa. Em todas as cidades e aldeias há pessoas em casa. Jesus não espera que as pessoas venham a Ele (como João Batista!), contudo vai até elas e as procura, por mais estranhos e escondidos que possam ser seus hábitos. Ele realiza ‘visitas domiciliares’, como diríamos hoje. Samuel Keller afirmou certa vez: ‘A chave para as almas das pessoas, está pendurada em sua casa. Por isso é necessário ir até elas, procurá-las em sua vida cotidiana, em suas aflições, em suas doenças, em sua solidão” .

   Em algumas de suas missões pelas cidades, a região da Galileia foi uma das escolhidas e por onde Jesus andou, como citado por Mateus: “Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todo o tipo de doenças e enfermidades entre o povo” (Mateus 4:23), e também mencionado pelo evangelista Marcos: “Então ele foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios” (Marcos 1:39). Interessante sabermos que a região  da Galileia abrigava um grande número de habitantes e de cidades, como Carson faz menção em seu livro: 

   “...A Galileia, a região coberta, é pequena (tem aproximadamente 112 por 64 quilômetros), mas, de acordo com Josefo (Life 235 [45]; War III, 41-43 [iii.2]), que escreveu uma geração depois, a Galileia tinha 204 cidades e vilarejos, cada uma com não menos que 15 mil pessoas. Mesmo que esse número se refira apenas. Às cidades muradas, e não inclui os vilarejos (que não é o que Josefo diz), a estimativa mais conservadora aponta uma população grande, mesmo que menor que os 3 milhões de Josefo. Em uma média de visita de duas cidades ou vilarejos por dia, seriam necessários três meses para visitar todas elas sem tempo de folga para o sábado. Jesus ‘andou por toda a parte fazendo o bem’ (At. 10.8; cf. Mc. 1.39; 6.6). O esgotamento físico devia ser enorme. Acima de tudo, temos de reconhecer que Jesus era um pregador e professor itinerante que necessariamente repetia quase o mesmo material diversas vezes e se deparava sempre com os mesmos problemas, doenças e necessidades.”

   Muito importante de se observar a forma de Jesus evangelizar, e assim como Ele sempre é nosso exemplo em todas as coisas e em Seus ensinamentos, onde fundamentamos nossa fé, nossos princípios e atitudes. Que possamos nós, também ver como Ele agiu na prática, ao que parece no comentário de Carson, realizando um trabalho sem descanso e extenuante ao levar as Boas Novas do Evangelho para aquele povo, nas cidades daquela região. Da mesma maneira como a análise feita pelo pastor André Garcia Ferreira, quando escreveu sobre evangelismo do povo de Deus no Novo Testamento: “Ao analisar o Novo Testamento, o povo de Deus tornou-se missionário nas cidades. O cristianismo foi forjado na vida urbana...”

POR QUE EVANGELIZAR AS CIDADES?

   Na atualidade, como já observado inicialmente, a maioria da população mundial vive nas cidades. Há algum tempo deixamos de viver uma realidade rural para vivermos uma realidade urbana. E isso acontece com a maioria das comunidades cristãs, inclusive dentro da Igreja Batista do Sétimo Dia no Brasil. Logo, a conclusão óbvia que se chega é que quase tudo, inclusive a religião, acontece dentro das cidades. Muitas pessoas migraram para as grandes metrópoles em busca de melhores empregos e melhores condições de vida em geral, e dessa forma, trouxeram consigo sua fé, suas crenças e sua religião. Observe quantas igrejas e seus “mega templos” existem nas grandes cidades do Brasil, somente para citar como exemplo temos a Primeira Igreja Batista de Curitiba com aproximadamente sete mil membros. Isso ocorre em uma capital, rodeada de uma região metropolitana composta também de grandes cidades, com uma população de aproximadamente três milhões e duzentas mil pessoas.Você pode perceber então o tamanho do impacto que uma comunidade dessa magnitude pode exercer nas pessoas, quantos lugares alcançam, quantos cristãos são atingidos, direta e indiretamente.

   Da mesma maneira acontece com nossas igrejas Batistas do Sétimo dia, localizadas em cidades desse porte, ou quem sabe um pouco menores, não se pode negligenciar essa realidade, surge então a necessidade de estarem atentas a esse importante trabalho de missões. 

   Sabendo que muito da vida da humanidade nos dias atuais, acontece dentro das cidades, é urgente esse tipo de evangelismo e essa forma de missão. Como menciona em seus escritos sobre o desafio das cidades, no livro Perspectivas, o professor Roger S. Greenway diz que: 

   “As cidades são a nova fronteira de missões cristãs. Por causa do seu tamanho, influência, diversidades e necessidades, elas apresentam desafios enormes. Negligenciar as cidades é um erro estratégico, porque o mundo caminha conforme as cidades caminham. Elas são os centros do poder político, da atividade econômica, da comunicação, da pesquisa científica, da instrução acadêmica e da influência moral e religiosa. O que acontece nas cidades afeta nações inteiras. Quando o Reino de Cristo avança nas cidades, o número de pessoas que adoram e servem ao Deus verdadeiro se multiplica.”

   Desse modo entendemos que não podemos ignorar a importância das cidades para a Igreja cristã, e a relevância dessa missão, por isso precisamos evangelizar esses povos que estão ao nosso alcance. É onde habita a maior parte da população mundial, e existe a maior possibilidade da propagação acelerada da Palavra de Deus, inclusive sendo levada e influenciando as pessoas que estão nas cidades menores, do interior e em áreas rurais.

   Há que se estar atentos como Igreja, à realidade em que estamos inseridos, e entendermos obviamente que, a abordagem no evangelismo será um pouco diferente do que é realizado no interior e em áreas rurais. A vida nas grandes cidades é mais dinâmica, mais intensa, mais corrida, as pessoas gastam muito tempo no trânsito, em deslocamento para seus trabalhos, escolas, faculdades e igrejas. Com isso, as pessoas acabam tendo cada vez menos tempo e disposição para “gastar” com assuntos relacionados a Deus e a religião, por isso, será muito importante traçarmos planos e estratégias que sejam adequados a essa realidade urbana. Esses são apenas alguns dos desafios enfrentados em missões nas cidades.

QUAIS OS DESAFIOS DAS CIDADES NO SÉCULO XXI?

   São inúmeros os desafios enfrentados para evangelismo nas cidades na atualidade. A intenção não é estudar esse tema de forma exaustiva, mas apenas fazer uma abordagem geral a respeito dos principais problemas que surgem para os cristãos, inseridos neste contexto, cumprirem o IDE que Jesus nos deixou (Mt. 28:19,20).    A população das grandes cidades, de forma geral, é composta por uma diversidade de realidades, uma vez que muitos dos seus habitantes são essencialmente urbanos, outros podem ter uma visão diferente da vida em municípios interioranos um pouco menores, e outros ainda tem vivência numa realidade rural, sem a agitação que se vive nas grandes metrópoles. Também há outras situações que podem ocorrer com a diversidade na população. Muitos desses que vem do interior, estão em busca daquilo que não encontraram em seus locais de origem, como emprego, melhor condição de vida, entre outras coisas, e nem sempre imaginam as dificuldades que poderão surgir em sua nova jornada. Mas quando chegam nas cidades a maioria acaba encontrando algo bem diferente do que esperava, sofre muito com isso e se estabelecem em comunidades pobres, nas periferias das cidades. Muitos desses vão para longe de suas famílias, se deslocam quilômetros de distância de seus círculos de amizades, a muitas horas de viagem de suas igrejas e comunidades de fé, podendo perder suas referências, seus princípios e crenças.   Então o que fica de questionamento para os cristãos em geral é: Como fazer para levar a Palavra de Deus para um grupo de pessoas tão heterogêneo? Como falar do amor de Deus para pessoas que viveram suas vidas em realidades tão diferentes? São desafios a serem enfrentados quando se fala em missões nas cidades. Isso é realmente desafiador para as igrejas, seus pastores e evangelistas. Traçar estratégias, meios e formas de alcançar pessoas tão diferentes em suas percepções de mundo. 

   Em contrapartida, existem também algumas vantagens para se evangelizar nas cidades, principalmente em relação às pessoas que migram para os ambientes urbanos. Podemos observar isso nos escritos do professor Roger S. Greenway, em seu estudo sobre o Desafio nas cidades, no livro Perspectivas, onde ele relata que:

   “Com regra geral, os que se mudam com frequência, experimentando grandes mudanças em suas vidas, se mostram mais abertos ao evangelho. Em minha experiência, isso vale também para os recém-chegados à cidade. Eles estão abertos a novas ideias, até mesmo sobre Deus e religião. Por conseguinte, cheguei à conclusão de que Deus está por trás da migração em massa de pessoas para as cidades. Ele está criando novas oportunidades para a expansão do evangelho entre grupos não alcançados, provenientes de cidades e vilarejos distantes. É nossa tarefa aproveitar a oportunidade e executar a ordem missionária de Cristo”.

   Existem dois aspectos a serem abordados neste tema dos desafios de missões nas cidades que precisam ser levados em conta. Apesar das dificuldades que se encontram para desenvolver esse tipo de evangelismo, há também outro aspecto a ser levado em conta, pode ser a receptividade das pessoas que sentem carência e sede espiritual, e estão com seus corações abertos e muito férteis para receber a Evangelho das boas novas. Que os servos de Deus tenham sabedoria vinda do Alto, para saber aproveitar essa maravilhosa oportunidade que o Senhor coloca diante de nós, e assim então atender a “Grande Comissão” que Cristo nos deixou. 

 

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OS TIPOS DE MISSÕES POVOS EM DIÁSPORA

    Nos dias de hoje é comum observarmos a migração de pessoas vindas de diversos povos e países, fugindo de perseguições em função de várias situações como: perseguição política ou religiosa, por causa de preconceito, ou até mesmo por fazerem parte de tribos e etnias rivais. Dentro desses povos podemos enumerar alguns que são:os haitianos, os venezuelanos e porque não pensarmos que em breve teremos, por exemplo, cristãos afegãos fugindo da perseguição do “Taleban”. 

  Muitas dessas pessoas procuram se estabelecer nas cidades e sabe-se que são povos que necessitam de uma atenção especial, pois estão passando por necessidades diversas que nós os cristãos devemos tentar suprir. Acredita-se que haverá carências materiais, como moradia, móveis, roupas, e principalmente alimentação, mas podemos também com toda certeza oferecer a esses irmãos carentes o alimento espiritual da Palavra de Deus. 

   Lembremos com o coração misericordioso, que essas pessoas tiveram que deixar para trás seus bens, suas famílias, seus amigos, seu círculo de convivência, muitos quem sabe suas igrejas e comunidades cristãs, então que sejamos nós a oferecer conforto e apresentar as Boas Novas do Evangelho para pessoas tão carentes de praticamente tudo. 

   Esse é um dos tipos de missão urbana que podemos incentivar e exercitar em nossas comunidades Batistas do Sétimo Dia.

COMUNIDADES POBRES EM GRANDES CIDADES

   Em nossas grandes cidades é comum nos depararmos com comunidades carentes, as chamadas popularmente de favelas, geralmente muito populosas, com grande concentração de pessoas e com isso surgem diversos problemas sociais. Até mesmo em municípios menores, também existem pobres com necessidades e que precisam ser alcançados pela Palavra de Deus.   Entretanto é importante lembrarmos do que Tiago disse em sua epístola: “Se um irmão ou uma irmã estiverem com falta de roupa e necessitando do alimento diário, e um de vocês lhes disser: ‘Vão em paz! Tratem de se aquecer e de se alimentar bem’, mas não lhes dão o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?” (Tiago 2:15-16).   Dessa forma entendemos que é um trabalho a ser realizado em duas frentes; ajuda aos necessitados em suas carências apresentação do Evangelho de Cristo. O escritor Viv Grigg demonstra em seus escritos o tamanho dessa missão quando escreve que: “O número de sem-teto e favelados das principais cidades do mundo constitui um bloco tão grande quanto o de muçulmanos ou hindus: ele dobra de tamanho a cada década, e todos os indicadores sugerem que seja um grupo receptivo. Portanto, é lógico que as estratégias missionárias precisam se voltar para essas pessoas como alvo prioritário”   Pelo que foi aqui exposto, essa missão é enorme, são dezenas de milhões de pessoas no Brasil que vivem nessas  comunidades pobres e que são “alcançáveis”, o trabalho é árduo e precisamos nos dedicar a essa tão importante obra.   Que tenhamos fé, disposição e ousadia para levarmos a cabo essa tão grande missão, que o Senhor tem colocado diante de nós.

MIGRANTES

   Inseridos nas comunidades pobres estão os migrantes, sobre quem Viv Grigg diz: “Em São Paulo cerca de metade dos pobres que ali chegam, vão morar nas favelas. A outra metade vai para os cortiços, de onde, após uma média de quatro anos, são obrigados a sair para alguma favela”. Para este estudo, vamos tratar daqueles que migram dentro de nosso próprio país, especialmente aqueles que se deslocam da área rural para a urbana, ou que vem de região com menos recursos materiais e financeiros.   Esses grupos são muito acessíveis, e estão entre os muito abertos e receptivo ao Evangelho, em seus estudos Grigg diz que: “Entre os grupos de povos mais alcançáveis da atualidade estão os migrantes que preservam seus laços comunitários, os grupo de camponeses que se mudaram para as cidades e vivem nas favelas”156, justamente por preservarem esses laços comunitários, se identificam com as comunidades cristãs, sentindo-se seguros e confortáveis para se relacionarem com os irmãos e estabelecerem ali um novo círculo de amizades.   Com isso, não há dúvidas de que os migrantes são um campo fértil para que a Palavra de Deus seja semeada entre eles e encontre a terra boa (Mt. 13: 8 e 23) para dar muitos frutos.

JOVENS

   Um outro tipo de missão nas cidades que pode ser desenvolvido, e que em muitos casos se torna altamente produtivo e recompensador é o ministério com jovens. Como disse o apóstolo João em uma de suas cartas: “...Jovens, escrevi a vocês, porque são fortes, e a palavra de Deus permanece em vocês, e vocês já venceram o Maligno.” (1 João 2:14), essa força e  disposição dos jovens precisam ser aproveitadas. Ainda queem alguns momentos falte experiência, em outras situações, podem ser compensadas justamente por essa disposição.   Um dos campos onde os jovens têm atuado com sucesso, é nas universidades, apesar de ser um ambiente inóspito, onde há muito preconceito e até discriminação com os cristãos, onde a lógica e a razão muitas vezes tende a prevalecer. Em contrapartida existe também um ambiente propício para a formação de grupos de oração, de estudo onde se tem a possibilidade de compartilhar de sua fé, e também de atrair os que ainda não conhecem as Boas Novas da Salvação. Essa é apenas uma das possíveis formas de evangelizar entre os jovens. Como exemplo pode ser mencionada, a Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB), que tem como um de seus objetivos: “A evangelização dos estudantes e profissionais, por meio da comunicação da mensagem do evangelho segundo a Bíblia e da demonstração prática de vivência cristã, objetivando sua submissão ao senhorio de Jesus Cristo”, ou seja, tem como finalidade a proclamação do Evangelho de Cristo para estudantes universitários e de ensino médio. Uma outra contribuição importante da ABUB, é por meio de sua editora, que auxilia não somente jovens, mas também toda a comunidade de servos do Senhor, com diversas publicações de literatura cristã.   Importante mencionar também como exemplo a atuação da Mocidade para Cristo (MPC): “A MPC é um movimento cristão que busca resgatar jovens através das boas novas de Deus. Tudo começou em 1940 nos Estados Unidos e hoje, a missão está presente em mais de 100 países, conta com dezenas de milhares de obreiros de tempo integral, parcial e voluntários que trabalham em parceria para dar a oportunidade de todo jovem ser um seguidor de Jesus.” Uma curiosidade interessante sobre a MPC, é que o seu primeiro obreiro contratado, foi nada menos que o pastor Billy Graham, famoso evangelista conhecido com um dos grandes nomes do evangelismo mundial.

   Muitos outros grupos temáticos, com assuntos relacionados a juventude se propõe a esse tipo de missão. Isso nos dá a possibilidade de pensarmos em maneiras de falar do amor de Deus para esse grupo de pessoas tambéminserido dentro do contexto das cidades e que, com certeza, tem um valor especial para o nosso Deus.

DEPENDENTES QUÍMICOS (CRISTOLÂNDIA)

   Uma das mazelas da nossa sociedade é a questão das drogas e daqueles que acabam se tornando dependentes delas. Nas grandes cidades isso se acentua ainda mais. O acesso a esse mal é cada vez mais fácil, e existe grande possibilidade de você leitor, conhecer ou estar bem próximo de alguém dominado pelo vício. Muitas desses dependentes químicos, talvez nem queiram ouvir falar o Evangelho, porém muitos outros podem estar nesse exato momento necessitando de apoio, de uma palavra que o leve a sair desse caminho, quase que sem volta se analisado da perspectiva humana. 

   Existe um trabalho maravilhoso e abençoador, realizado por muitos irmãos cristãos nossos com a finalidade de atender esse grupo tão específico e necessitado, que se chama Cristolândia, esse trabalho nasceu no coração de um servo do Senhor e temos um breve relato de com ele começou:

    ”Em 2008, o Diretor da Junta de Missões Nacionais, Pr. Fernando Brandão, perdeu-se no centro de São Paulo e acabou conhecendo a realidade da cracolândia. Deus o incomodou para que mobilizasse a Igreja para agir e transformar as cracolândias em Cristolândias. Em julho de 2009, a Cristolândia iniciou suas atividades, com abordagem pessoal, oferta de alimentação e corte de cabelo aos que estavam nas ruas, juntamente com uma palavra de esperança e fé, oferecendo encaminhamento para comunidades terapêuticas. Em março de 2010, foi inaugurada a primeira unidade da Cristolândia. Os serviços prestados expandiram-se, atendendo os usuários com café da manhã, banhos e cultos”.

   Que lindo, difícil e importante trabalho está sendo realizado com esse grupo de pessoas que necessita, tanto conhecer o amor de Cristo em suas vidas. Esse projeto acaba desempenhando um papel muito importante na vida dessas pessoas marginalizadas por toda a sociedade. Pois, além de resgatá-las de tão danoso mal, reintegrando inclusive esses indivíduos ao convívio da sociedade, também lhes proporciona conhecer nosso Senhor Jesus Cristo com Senhor e Salvador de suas vidas.   Que esse trabalho seja inspirador em nossas vidas, quando pensarmos nos perdidos que necessitam receber o Evangelho das Boas Novas.

CONCLUSÃO

   Temos muito que refletir sobre o que foi estudado na escola bíblica sabatina de hoje. Podemos desenvolver o trabalho missionário de várias maneiras, e, muitas vezes o que nos vem à mente inicialmente são grandes missões, em países distantes e que são difíceis de serem alcançados, por inúmeras barreiras como: distância geográfica, cultura diferente, clima, perseguição religiosa, entre outras coisas. Porém, lembremos que podemos realizar o IDE de Jesus onde quer que estejamos, inclusive dentro das cidades onde moramos. Há muito trabalho a ser feito como disse o próprio Senhor Jesus...”Então Jesus disse aos seus discípulos: — A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.” (Mt. 9:37). Que cada um de nós venha a compreender a importância desse trabalho, pois necessitamos, nos empenhar em proclamar o Evangelho de Jesus Cristo nas cidades onde vivemos. 

   Talvez você não consiga, por diversos fatores sair de sua região em uma missão transcultural para o interior do continente africano, ou evangelizar muçulmanos em no Oriente Médio, mas todos nós temos condições de pregar do amor deDeus para nosso vizinho, em nossa rua, nos condomínios onde moramos e nos bairros onde habitamos. Que nossos corações possam arder pelas almas que necessitam de salvação e que assim venhamos a entender o valor de fazer missão em nossas cidades.

Que Deus nos abençoe!

 

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CL ASSE

1. Quais motivos levaram o apóstolo Paulo a evangelizar nas cidades?R.

2. Cite alguns dos fundamentos bíblicos de missões nas cidades.R.

3. Sobre os tipos de missões nas cidades, você se sente chamado para algum dos mencionados nesta lição? Ou percebe que atuaria bem em algum outro além dos mencionados?R.

4. Qual é sua visão sobre nosso papel colaborador com missões na sua cidade?R.

5. Como você pode realizar uma missão em sua cidade de forma prática?R

 

 

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