FUI buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui. Eis-me aqui.

Isaías 65:1

INTRODUÇÃO

   Deus planejou um mundo perfeito e nada o impedirá de atingir o Seu propósito. Ele está interessado em todas as pessoas. Isso já fica evidente no primeiro livro da Bíblia. Após a queda, e mesmo depois de um reset na Criação por meio do Dilúvio que desembocou na Torre de Babel, Deus escolhe Abrão para, por meio dele, abençoar todas as nações: Em você serão benditas todas as famílias da terra (Gênesis 12:3). As pessoas e as nações são abençoadas quando andam de acordo com as “orientações do Fabricante”, quando mudam o seu comportamento e sua postura diante de Deus e resolvem adotar os Seus padrões de vida. Isso também fica evidente no livro de Isaías: Fui buscado pelos que não perguntavam por mim; fui achado por aqueles que não me buscavam. A um povo que não se chamava pelo meu nome, eu disse: ‘Eis-me aqui! Eis me aqui”! (Isaías 65:1). Deus está interessado em todas as pessoas e chama a Igreja a participar do Seu projeto de restaurar tudo o que o pecado destruiu.

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UM POUCO DE HISTÓRIA

   Deus criou o mundo perfeito. Um Deus perfeito só podia criar um universo perfeito. O Jardim do Éden funcionava como um templo, a morada de Deus. O Senhor queria morar entre  as pessoas, se relacionar com elas, orientá-las, ajudá-las a desenvolver todo o seu potencial.   Para coroar a criação Deus colocou o ser humano como administrador. O homem criado de maneira diferente do que o restante da criação tinha habilidades que o destacavam. Enquanto as plantas davam frutos e sementes “segundo a sua espécie” (Gênesis 1:12) e os animais foram criados “segundo as suas espécies” (Gênesis 1:21) Deus se propôs a criar os seres humanos, então disse: Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança (Gênesis 1:26). As Pessoas têm elementos de semelhança com Deus que o capacitam para a tarefa que Deus preparou para elas: administrar a boa criação de Deus para que alcançasse os propósitos que Ele determinou para ela.   Infelizmente o ser humano não administrou para o Criador. Decidiu que ele mesmo determinaria o certo e o errado. Em decorrência disso, se rebelou contra o Senhor e agora administra para si e não para Ele. Deus caminhava com eles no jardim e podiam trocar ideias sobre como desenvolver a criação ao máximo. Agora os humanos deram as costas para Deus e fazem as coisas que eles querem. Quando estabelecem padrões de comportamento, valores que defendem estão começando a criar sua própria cultura.   Mas ainda assim, temos uma só cultura. A partir dos desdobramentos da Torre de Babel, no entanto, as pessoasse separaram por idiomas e cada grupo criou sua própria cultura. Há elementos similares de uma cultura para outra, mas também há diferenças bem grandes.

DEFINIÇÕES DE CULTURA

   Cultura é um dos termos muito usado, mas difícil de definir. Existem muitíssimas definições de cultura e nenhumconsenso entre os estudiosos. Reifler160 apresenta algumas definições de cultura. Foram selecionadas algumas para nos ajudar a entender do que estamos falando:   Lloyd Kwast nos lembra que todas as pessoas têm uma cultura. Ninguém pode separar-se de sua própria cultura. Em outras palavras, desde que nascemos somos ensinados o que é certo e errado, o que é bonito ou feio, o que é melhor ou  pior . Apropriamo-nos desses valores e costumes e eles não nos deixam. Podemos até nos rebelar contra alguns desses valores, mas eles estão firmemente plantados em nós e sempre nos servirão de referências.   H. Balz define cultura como a herança que o ser humano recebe de seus antepassados e a passa para a próxima geração. Aquilo que somos é repassado para a próxima geração. Às vezes nem sabemos o motivo pelo qual cremos em algo, mas passamos adiante. Em determinada família a tradição era comer peixe assado. Sempre se assava o peixe no forno, mas antes de assá-lo cortava-se o rabo e a cabeça. Isso já durava gerações. Um dia alguém resolveu perguntar a respeito do motivo dessa prática. A mãe respondeu que aprendeu isso da avó. A avó por sua vez da bisavó. Quando lhe perguntaram o motivo dessa prática ela explicou de maneira bem simples: “a minha forma era pequena e o peixe não cabia”! Talvez a sua família ou igreja defenda práticas por gerações sem saber omotivo.   Lesslie Newbigin define cultura como o caminho pelo qual organizamos a nossa vida. Temos muitas escolhas a fazer o tempo todo. A cultura acaba nos dizendo o que devemos ou não fazer. Nos ajudando dessa maneira a organizar a vida. Na verdade, ela coloca óculos para que enxerguemos o mundo com a cor das suas lentes. Assim algumas coisas são belas e outras feias, não porque isso é um valor absoluto, mas para determinado grupo de pessoas isso é feio.   É preciso lembrar que a cultura está sempre mudando. Mudanças de clima, crises, avanços tecnológicos influenciam a cultura. Ela se adapta muito mais do que admitimos. A invenção da imprensa, a revolução industrial, o telefone, a TV, a internet mudaram elementos em todas as culturas. Então, o que é cultura? É o sistema integrado de padrões aprendidos de comportamento, ideias e produtos característicos de uma sociedade. Convém explicar alguns pontos:

  1. Comportamentosaprendidos. Nem todo comportamento é aprendido. Uma pessoa que encosta a mão em algo quente puxa a sua mão e grita. Tirar a mão do contato com a fonte de calor é instintivo, mas a sua expressão da dor (ai, ui,...) é aprendida. Nem todo comportamento é padronizado. Algumas questões são individuais, de gosto, determinadas por personalidade. Uma pessoa gosta de um tipo de música enquanto a outra odeia esse mesmo tipo e se delicia com outro. Os costumes de uma sociedade são padrões de conduta aceitos por ela que são perpetuados e cheios de significado. Algumas dessas práticas, no entanto, se restringem a poucas pessoas. Um rei vai ter comportamentos padronizados que são passados de geração para geração aos sucessores. Todos sabem o que o rei deve fazer, mas não necessariamente devem fazer a mesma coisa. Há situações em que a pessoa precisa optar por algumas coisas: casar ou permanecer solteiro, viver na cidade ou no campo. Às vezes a sociedade prefere uma opção, mas aceita a outra. Em outros casos, ambas são aceitas da mesma maneira. Mas existem alguns costumes universais. Todas as pessoas nos EUA devem usar roupas. Uma pessoa não pega o automóvel que está mais próximo, nem o melhor – ela pega aquele que é seu. Algumas práticas inovadoras são aceitas e outras, antigas, são deixadas de lado. Cada família desenvolve padrões de comportamento que a diferenciam das outras famílias, logo não é tudo padronizado. Mas a cultura estabelece limites daquilo que é aceitável e o que não é.
  2. Ideias. As pessoas têm ideias em comum que determinam os seus valores pelos quais organizam o seu mundo,estabelecem os seus alvos e julgam as ações. Assim elas descrevem o que é real para uma sociedade. Há diferenças entre as pessoas, mas se não houver um grau grande de afinidade, a comunicação e qualquer organização se tornam impossíveis. As ideias e conceitos estão ligados com o nosso comportamento, mesmo que de maneira imperfeita. As pessoas são falhas e não conseguem cumprir com os ideais de um grupo. Além disso, podem copiar comportamentos sem saberem o significado deles ou adotar comportamentos cujo significado se perdeu.
  3. Produtos. As ideias e o comportamento levam uma cultura a produzir artefatos e produtos. O conhecimento do ser humano é cumulativo, o que ajuda as gerações posteriores a construírem sobre o conhecimento da geração anterior (não precisam começar do zero). Esses artefatos mostram algo sobre a cultura, sobre o que valorizavam. Os arqueólogos estudam esses artefatos e tentam reconstruir partes da história e desenvolvimento de um povo baseados nisso. 
  4. Sistema integrado. Os costumes de uma cultura não são aleatórios. As ideias, comportamentos e artefatos estão interligados em hábitos. As pessoas no Ocidente sempre se sentam em plataformas, cadeiras, bancos ou sofás. Alguns argumentam que o corpo humano tem o formato para que as pessoas se sentem em plataformas. Mas a maior parte das pessoas no mundo está confortável sentando-se no chão. Então, o que está por trás desse conceito de plataformas? No Ocidente achamos que o chão é sujo, e sujeira é ruim. Cada cultura é um sistema integrado onde não podemos mudar simplesmente algo externo sem mudar valores mais profundos. O automóvel muda a cultura. Ele afeta o relacionamento das pessoas. Novos costumes podem adquirir significados diferentes quando entram numa nova cultura. O guarda-chuva vem do sul da Ásia onde era usado para proteger os reis do sol. Como era símbolo de realeza, era proibido para as pessoas comuns. Hoje ele foi adaptado no mundo todo para proteger as pessoas da chuva.

   Características de uma sociedade. A maioria das pessoas vive unida às outras em sociedades. Essas precisam de padrões aceitos para viver juntas. Se não puderem concordar sobre alguns elementos chaves, a convivência se torna impossível. 

   Assim, outra forma de definição de cultura seria: “são os sistemas mais ou menos integrados de ideias, sentimentos, valores e seus padrões associados de comportamento e produtos compartilhados por um grupo de pessoas, que organiza e regulamenta o que pensa, sente e faz”. 

 

POSTURA COM A CULTURA ALHEIA

   Quando o missionário vai para uma cultura diferente acha diversas coisas muito esquisitas. Ele está acostumado a comer com garfo e faca, mas diversos povos têm um tacho e todos colocam a mão no mesmo tacho e se servem do alimento ali contido. Talvez o missionário tenha sentimentos fortes em relação a algumas práticas locais, mas cada cultura faz sentido para quem vive nela. Toda cultura tem suas contradições. Essas normalmente só são percebidas por pessoas estranhas a ela. Quem está inserido na cultura nem percebe. Por exemplo, a cultura latina valoriza mais o relacionamento do que a verdade. Se você está visitando a casa de alguém e o pessoal pergunta se gostou da comida, você precisa responder de forma a agradá-los, mesmo que não se sinta dessa maneira. A mesma coisa ocorre quando a esposa que está se preparando para uma cerimônia de casamento, pergunta para o marido se ele gostou do cabelo dela. Nesse momento ela não pergunta a opinião dele, mas quer uma resposta de apoio. Quando encontramos alguém e perguntamos: “Tudo bem?”, na verdade não estamos perguntando, estamos apenas cumprimentando a outra pessoa. Se você discorda, tente responder com sinceridade para alguém com algo como: “Não, nunca estive pior”. A pessoa que perguntou não saberá como reagir, e talvez diga: “Então, tudo bem”. Para um estrangeiro que nos visita, algumas dessas coisas podem parecer muito estranhas. Se você não quer saber como está a outra pessoa, por que perguntou?   Esse processo ocorre com todas as culturas. Cada cultura tem seu valor e sua lógica para os que fazem parte dela. Não questionamos nossos valores culturais até que vemos outro modelo (outra cultura) e passamos a nos questionar por que fazemos o que fazemos. Isso não é diferente na igreja. Temos nosso horário de culto, nossa ordem de culto, as vestimentas adequadas, a postura aceitável. Espera-se que cada um cumpra as suas obrigações. Basicamente essas coisas não são questionadas, mas praticadas. O problema é que frequentemente o missionário vai para o campo com sua própria cultura, que na opinião dele é a certa, e tenta impor essa cultura sobre o povo a quem ele veio evangelizar. A cultura do missionário faz sentido para ele, mas provavelmente não fazsentido para o povo local, pois eles têm sua própria maneira de enxergar a vida. Quando o missionário impõe sua cultura sobre os povos a quem ministra, demonstra que a sua cultura é superior à cultura local. Dependendo da situação se julga mais inteligente, sábio e lógico do que os habitantes locais e isso por si só já vai contra o Evangelho.   O missionário vai para o campo ciente da necessidade de aprender em primeiro lugar. Inicialmente, para ele a nova cultura não faz sentido, mas precisa entender como ela funciona para poder colocar o evangelho na cultura deles. Se ele apresentar o Evangelho em sua própria cultura, não fará sentido para as pessoas que quer alcançar e, além disso, o Evangelho permanecerá como uma crença estranha à cultura local e dificilmente terá êxito. Cada cultura manifesta elementos mais próximos e mais distantes do evangelho, inclusive a cultura do missionário. Assim ele precisa entender, respeitar e colocar as Boas Novas na nova cultura para que as pessoas a entendam. O maior exemplo disso ocorreu quando Jesus se tornou carne e habitou entre nós (João 1:14). Deus entrou em nossa realidade, nasceu como nós, sentiu como nós, foi tentado como nós, para se identificar conosco e trazer o Evangelho a nós de uma maneira que pudéssemos entender. 

ANALOGIAS DA REDENÇÃO (O FATOR MELQUISEDEQUE)

   Deus é o Criador de todas as coisas e de todas as pessoas. Assim plantou em cada pessoa a necessidade do relacionamento com Ele, ou de um Ser Superior como alguns preferem reconhecer. Nesse sentido as pessoasbuscam a Deus e as religiões que há no mundo refletem essa necessidade do relacionamento com o Senhor, embora possam irna direção errada. Paulo afirma que as pessoas têm algum conhecimento que Deus plantou nelas: Pois o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez (Romanos 1:19-20). Em vez de buscara Deus, com frequência buscam a criatura e não o Criador (Rm 1:21-23). Por outro lado, não deveria nos surpreender quando descobrimos nesses povos, só conhecem a Deus pelo que lhes foi revelado pelas ações de Deus na natureza, elementos que possam fazer a ponte com a obra de salvação que Deus propõe. 

   Don Richardson, missionário canadense na Nova Guiné entende que Deus plantou analogias da redenção ao redor do mundo (cf. Salmos 19:1-4; João 1:9). Ele propõe que encontremos pontos de contato na cultura e crenças locais de um povo que sirva para fazer a ponte com as boas-novas de Cristo para a salvação. Ele cita um exemplo: 

   “eu e minha esposa ficamos chocados ao descobrir que a tribo Sawi honrava traição como virtude. Assim, Judas Iscariotes parecia ser o herói do evangelho. Dentro da cultura sawi, porém, existia um modo de fazer a paz. Um pai da tribo tinha de entregar um de seus filhos a um pai inimigo que criaria esse filho. Esse menino era chamado ‘criança da paz’. Num momento crucial para a tribo, conseguimos apresentar Cristo como a ‘Criança da Paz’ de Deus. Os sawis logo entenderam a história da redenção; o Pai dando seu Filho para se reconciliar com um povo inimigo. Hoje, 70% dos sawis professam a fé em Jesus”.

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   É fácil ler um relato resumido como esse, ficar impressionado com o resultado do Evangelho nessa cultura e achar que isso é uma tarefa fácil e muito rápida: é só chegar, e descobrir essa analogia e logo tudo se resolve. Mas o processo para isso é longo. Se quiser ler mais a respeito desse relato, Richardson o conta em detalhes do livro O totem da paz. Depois de investir tempo na cultura sawi, tentar entender e depois falar a língua local, entender os seus costumes e crenças, imagine o susto do missionário contando como Judas traiu Jesus e o pessoal irromper em festa, não por Jesus, mas por Judas. Dá para imaginar o desespero do missionário. Depois de ouvir mais histórias deles, procurar os elementos de conexão para apresentar o Evangelho.   Paulo fez algo parecido quando estava visitando a capital cultural do mundo antigo: Atenas. Paulo está à espera de Timóteo e Silas nesta cidade e seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade (Atos dos Apóstolos 17:16). Como Paulo percebeu essa situação na cidade? Isso fica evidente alguns versículos adiante:andando pela cidade e observando os objetos de culto que vocês têm (Atos dos Apóstolos 17:23). Ele não ficou em casa trancado no escritório acessando as mídias sociais. Andou pela cidade para conhecê-la e entender a situação espiritual das pessoas. Aqui o apóstolo está no Império Romano, fala a mesma língua das pessoas e tem uma noção de sua cultura, bem diferente do contraste que Richardson experimentou na Nova Guiné. Paulo está revoltado com a idolatria da cidadee a reação esperada é que ele “soltasse o verbo” contra essa idolatria. Mas isso não ajudaria a proclamar o Evangelho na cidade. Muito pelo contrário, tenta fazer a ponte com seus ouvintes: todos os de Atenas e os estrangeiros residentes não se ocupavam com outra coisa senão dizer ou ouvir as últimas novidades (Atos dos Apóstolos 17:21). O costume local é ouvir novas ideias, saber quais são as novidades. Era o “facebook” da época. Paulo poderia ter reprovado seus ouvintes por essa busca fútil, mas resolve fazer a ponte com eles. Adapta-se à sua crença e buscao local comum em que se encontram para ouvir as novidades, o Areópago: Senhores atenienses! Percebo que em tudo vocês são bastante religiosos ( Atos dos Apóstolos 17:22). A palavra “religiosos” soa mal, especialmente para pessoas da igreja hoje. Ser religioso parece o oposto de uma vida séria com Deus. Uma tradução mais adequada da palavra seria “espirituais”.   Assim ele estaria dizendo: vejo que vocês efetivamente estão em busca da espiritualidade. Mas Paulo continua: andei pela cidade de vocês e “encontrei também um altar no qual aparece a seguinte inscrição: ‘Ao Deus Desconhecido’. Pois esse que vocês adoram sem conhecer é precisamente aquele que eu lhes anuncio (Atos dos Apóstolos 17:23). Na busca por agradar a Deus ou por não sofrer retaliações dos deuses, os atenienses edificaram um altar ao deus que ainda não conheciam, para não acontecer de esse deus se vingar deles por ter sido esquecido. É como se Paulo dissesse: vejo que vocês buscam a Deus, talvez até com sinceridade. Vocês estão com medo de esquecer um deus, pois bem, quero falar para vocês de um Deus que vocês ainda não conhecem. Assim, faz a ponte com eles. Na leitura adiante Paulo mencionará inclusive alguns autores gregos em seu discurso para continuar a fazer a ponte com eles, mas também vai falar de elementos em que os gregos discordarão dele. Como apresenta o plano de Deus que inclui Jesus, fala da ressurreição, algo que não cai bem entre a maioria dos gregos. Quando fazemos a ponte do Evangelho com a cultura local, a analogia pode não ser perfeita e teremos de fazer os ajustes.   Isso não quer dizer que em todas as culturas encontraremos analogias prontas para encaixar o Evangelho. Podemos e devemos procurá-las, pois isso facilita que as pessoas entendam o Evangelho em suas próprias categorias, o que permite uma compreensão muito mais eficaz e rápida.

CONCLUSÃO

    Como estudamos Deus está interessado em todas as pessoas. E somos convidados a participar da restauração de tudo o que o pecado destruiu.  

  Conhecendo as diferentes culturas, podemos concluir que o respeito, a sensibilidade e a vigilância em nossas atitudes com relação aos hábitos e características dos outros, faz toda a diferença no Evangelismo

   Paulo deu um excelente exemplo disso. Que possamos compreender as pessoas, fazermos a ponte do Evangelho com a cultura local, afinal a espiritualidade transcende aos usos e costumes de qualquer religiosidade. 

   Cada povo, nação e cultura tem suas peculiaridades. Quando o missionário chega a determinados locais ele precisa ter disposição, para ir atrás de meios comuns entre o Evangelho e a cultura local, de maneira que seja possível fazer uma ponte entre as Boas Novas de Cristo e hábitos ou costumes regionais.   Nossa oração é que, quando necessário o Senhor abra nossos olhos, mentes e corações, para que se um dia Deus nos chamar ao campo missionário possamos, com sabedoria, usar meios de levar o Evangelho de Cristo aos povos, da mesma forma que o Senhor já esteja com os missionários no campo, dando a eles também esse discernimento espiritual.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CL ASSE

1. Toda cultura é criação humana. Como tal sujeita à falha do homem caído. Assim todas elas são falhas. Há culturas mais bíblicas que outras? O que nós fazemos seria a mais bíblica?R.

2. Etnocentrismo é a tendência presente em cada cultura de achar que o nosso jeito de fazer as coisas é o certo, e obviamente as outras culturas são erradas. Adotamos uma postura etnocêntrica contra as pessoas que não são da igreja? Entendemos que somos superiores a eles? Como isso afeta o trabalho missionário?R.

3. Muitas práticas da Igreja fazem parte de nossa cultura eclesiástica a ponto de não as questionarmos mais. Simplesmente são óbvias. Quando vamos para o campo missionário levamos essas práticas conosco e tentamos impor sobre os povos evangelizados como se fizessem parte do Evangelho. Como evitar isso?R.

4. Não devemos pensar em mudar a cultura das pessoas que evangelizamos, mas encaixar o Evangelho na cultura. Nesse sentido o evangelho apoiará elementos da cultura e questionará outros. Mas esse processo também precisa ocorrer com a nossa própria cultura. Como averiguar se nossa cultura eclesiástica é bíblica?R.

5. Que analogias da redenção poderiam ou deveriam ser usadas para com as pessoas que evangelizamos em nosso próprio contexto? Que pontes poderíamos fazer para que as pessoas entendessem o Evangelho de maneira mais fácil?R.

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