Texto de Estudo

Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.

Salmos 126:5-6

INTRODUÇÃO

Leia também alguns artigos relacionados:

A lei, a carne e o espírito
Comentário da lição
Que diremos pois?Texto de EstudoQue diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu n&...
Graça maravilhosa
Comentário da lição
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida...

A Igreja tem como propósito a glória de Deus. Ela foi estabelecida para o louvor da Sua glória. A evangelização é um instrumento pelo qual cumprimos o nosso propósito. Devemos proclamar o Evangelho de Cristo, reunindo os que creem em igrejas locais, com o objetivo de edificá-los na fé. Em Mateus 28:18-20, Jesus deixa evidente que a missão da Igreja é fazer discípulos, ensinando-os a guardarem todas as coisas que Ele ordena. Ela é a agência do Reino de Deus no mundo, povo de propriedade exclusiva de Deus para proclamar as virtudes do Deus Eterno, conforme o apóstolo Pedro destaca (1 Pedro 2:9). Proclamar as virtudes do Deus eterno consiste em manifestar a Sua glória “para que ao Nome de Jesus dobre todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e todos confessem que Jesus Cristo é Senhor para a glória de Deus Pai” (Fl 2:10,11).

A grande comissão, em Mateus 28:16-20, define a missão da Igreja. Ela existe para proclamar o Evangelho de Cristo a todas as nações. É importante ressaltar que evangelização é o meio pelo qual conduzimos pecadores à adoração do único e verdadeiro Deus. A Igreja existe para promover a glória divina, e a evangelização é um instrumento usado para conduzir pecadores à adoração. Todos os cristãos são chamados a testemunhar. A comissão para pregar o Evangelho e fazer discípulos jamais foi limitada aos apóstolos. Tampouco está, atualmente, confinada aos ministros. Trata-se de uma comissão que repousa sobre toda a Igreja, coletivamente; portanto, sobre cada cristão, individualmente. Assim, o triunfo da Igreja está no ministério da evangelização. Que possamos nos envolver nessa tarefa honrosa, urgente e abrangente!

 

O EVANGELISTA: UMA DEFINIÇÃO

Evangelista é alguém chamado para propagar o Evangelho, em muitos lugares. Evangelizar, como foi visto, significa levar as boas-novas a alguém, especificamente anunciar informações a respeito da salvação em Cristo Jesus (1 Coríntios 15:1-4).

A palavra é encontrada três vezes no Novo Testamento. Os evangelistas estão relacionados com apóstolos, profetas, pastores e doutores, como aqueles que são chamados para compartilharem a construção da Igreja. Se o ministério diaconal foi constituído formalmente por um concílio, o evangelístico não precisou de formalidade alguma para sobressair. Os dois primeiros evangelistas da Igreja Primitiva, a propósito, surgiram dentre os sete diáconos. Logo após ser consagrado ao diaconato, Estêvão começou a destacar-se como evangelista. Sua palavra fez-se tão irresistível que levou o clero judaico a condená-lo à morte, traiçoeiramente (Atos dos Apóstolos 8:1-2).

Estêvão morreu, mas a evangelização reavivou-se com as incursões de Filipe. Ao deixar Jerusalém, proclamou entre os gentios de Samaria. Sua palavra era acompanhada de milagres, sinais e maravilhas; era simplesmente irresistível! Lucas poderia ter cognominado o capítulo oito, em seu segundo livro, como “Atos de Filipe”.

Mais tarde, quando da conclusão da terceira viagem missionária de Paulo, encontramos novamente Filipe; dessa vez, em Cesareia. Lucas, que fazia parte da equipe do apóstolo, reconhece-lhe o ministério, tratando-o como evangelista. Era a primeira vez, na História da Igreja Cristã, que um obreiro recebia semelhante distinção.

Timóteo, o jovem ministro, foi exortado a realizar o trabalho de um evangelista como um acompanhamento da supervisão pastoral. Está claro que, embora os apóstolos e outros compartilhassem do trabalho de evangelização, havia homens que Deus chamava especialmente para a tarefa.

Nos anos posteriores, os escritores dos quatro Evangelhos foram chamados de evangelistas, pois registraram, de forma persuasiva, os fundamentos do Evangelho de Cristo.

Tendo em vista que a principal missão é ga­nhar almas, é inconcebível a Igreja desprovida de evangelistas. Sem esse ministério, ela definha e perde a mais preciosa razão de ser.

Algumas questões interessantes a abordarmos sentido são:

  1. Definição. A palavra evangelista, originária do termo grego euaggelistes, define o obreiro vocacionado por Deus, por intermédio do Espírito Santo, confiado à Igreja por Cristo, visando à proclamação extraordinária das boas-novas de Salvação (Efésios 4:11; Atos dos Apóstolos 8:6).
  2. O evangelista no Antigo Testamento. A palavra hebraica que designa o portador de boas-novas é basar que, entre outras designações, significa ‘mensageiro e pregador” (Isaías 40:9; 52:7). Em hebraico, o termo evangelho é besorah, que também indica “boas notícias”, a exemplo de sua congénere em língua grega. No Antigo Testamento, o ministério que lembra o do evangelista neotestamentário é o de Profeta. A palavra hebraica que aparece em Isaías 40:9 e 52:7 traz a ideia de “mensageiro” e “pregador”. Note que o ministério do profeta veterotestamentário visava convencer o rei ou o povo de seus pecados e estimulava-os a fazerem o caminho do arrependimento em amor e sinceridade, análoga à nobre tarefa do evangelista neotestamentário.
  3. O evangelista no Novo Testa­mento. Na Igreja Primitiva, o primeiro discípulo de Cristo a receber o título de evangelista foi o diácono Filipe (Atos dos Apóstolos 21:8). O livro de Atos narra que tal homem evangelizou uma cidade inteira: Samaria (Atos dos Apóstolos 8:4-7), além de levar o maior tempo, individualmente, com o eunuco (Atos dos Apóstolos 8:26-40). “Entendes o que lês?” foi a pergunta do evangelista ao eunuco. Percebendo a sua inabilidade com as Escrituras, o evangelista passou-lhe a explicar a Palavra. Todavia, conforme podemos observar por todo o livro de Atos, a Igreja, como um todo, agia e reagia evangelisticamente, haja vista a dispersão dos cristãos de Jerusalém. Por onde passavam, anun­ciavam as boas-novas do Reino (Atos dos Apóstolos 8:4).
  4. O evangelista na era da Igreja Cristã. A História da Igreja Cristã mostra que, em todos os reavivamentos, o Espírito Santo destaca a evangelização como o principal evento da mesma. Haja vista o ministério de John Wesley, Billy Graham, Jonathan Edwards, ou recordemos nossa própria História, relembrando o casal Mumford, o Dr. Peter Chamberlain e Francis Bampfield, entre outros.Oremos para que o Senhor da Seara continue a despertar a Igreja a um novo avanço evangelístico.
  5. Mais que um título, um dom. Em algumas igrejas, o evangelista é visto mais como investidura eclesiástica do que, propriamente, como dom ministerial. Vejamos, porém, o que diz Paulo acerca desse tão importante ofício sagrado: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. (Efésios 4:11-13). Conclui-se que somente deve ser reconhecido como evangelista o que foi agraciado com semelhante dom. É mister também entendermos que o dom de evangelista é de extrema importância no corpo de Cristo, não precisando aquele que o possui correr atrás de outros títulos. De outra forma, teremos evangelistas que, em vez de ganhar almas para Cristo, desgastar-se-ão física, emocional e espiritualmente, aguardando uma “promoção” para um cargo “mais importante”. A hierarquização eclesiástica, nesse sentido, é mais do que nociva ao crescimento saudável do corpo de Cristo; é deletéria e mortal.

Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento mostram que as Escrituras Sagradas são o fundamento do evangelista. O seu trabalho vai desde o anúncio do Evangelho à integração do novo convertido, passando, obrigatoriamente, pela apologia da fé evangélica. Essas frentes de trabalho passam pelas Escrituras como o esteio do ministério do evangelista. A Igreja de Cristo precisa de evangelistas carismáticos que honrem a Deus e amem o próximo.

 

O EVANGELISTA – CHAMADO E VOCACIONADO PARA GANHAR ALMAS

O evangelista George Sweazey afirmou, com muito acerto: “A evangelização é uma tarefa sempre perigosa, embora não seja tão perigosa como a falta de evangelização”. O que teria levado Sweazey a chegar a tal conclusão? Provavelmente, referia-se à tarefa do evangelista que, ao contrário do que muita gente supõe, é desafiadora, complexa e sempre gloriosa.

Leia também alguns artigos relacionados:

As bênçãos da justificação
Comentário da lição
Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda...
Não há um justo sequer
Comentário da lição
Pois quê?Texto de EstudoPois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma,...

No Novo Testamento, evangelistas eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Ele para anunciarem o Evangelho, as boas-novas de salvação aos perdidos e para ajudarem a estabelecer urna nova obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da salvação (Romanos 1:16).

Filipe, o “evangelista” (Atos dos Apóstolos 21:8), cla­ramente retrata a obra desse ministério, segundo o padrão do Novo Testamento. Ele pregou o Evangelho de Cristo (Atos dos Apóstolos 8:4,5,35). O evangelista é essencial no pro­pósito de Deus à Igreja; aquela que deixar de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar convertidos, segundo o desejo de Deus, e tornar-se-á uma igreja está­tica e indiferente à obra missionária. A Igreja que reconhece o dom espiritual de evangelista, e tem amor intenso pe­los perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor.

 

ATRIBUTOS DE UM EVANGELISTA

Do obreiro chamado ao ministério evangelístico, requerem-se os seguintes atributos: amor às almas, conhecimento da Palavra de Deus, espiritualidade plena e disponibilidade.

  1. Amor às almas. Paulo tinha um amor tão grande pelas almas que, por essas, chegava a sentir dores intensas, como se estivesse a dar filhos à luz (Gálatas 4:19). Por essa razão, afirmou: “Contudo, quando prego o Evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o Evangelho!” (1 Coríntios 9:16). Foi esse amor que cons­trangeu Filipe a evangelizar Samaria e a dirigir-se "ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza" para falar com um etíope” (Atos dos Apóstolos 8:26). O evangelista nada é, e nada fará sem o amor às almas perdidas. Pense nisso. E, de imediato, entregue-se em favor dos que caminham para a perdição eterna. Eis a sua missão: amar sem reservas a qualquer pessoa, não economizar esforços para alcançá-la em todas as esferas da sua existência. Essa é a razão da vida de todo o evangelista. Esse é o portador das boas-novas, o arauto do Reino de Deus numa sociedade dominada pelas ideias e cosmovisões que afrontam o propósito do Altíssimo à humanidade. Amar, amar, amar... É a palavra-chave do evangelista!
  2. Conhecimento da Palavra de Deus. Conhecendo profundamente a Palavra de Deus, Filipe soube conduzir a Cristo o mordomo-mor de Candace que, de volta à Etiópia, lia o profeta Isaías. Eis como foi eficiente: "Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta Escritura, anunciou-lhe a Jesus" (Atos dos Apóstolos 8:35). Lembre: o anúncio do Evangelho de Cristo exige que o evangelista saiba manejar bem a Palavra da Verdade (2 Timóteo 2:15). Além disso, que esteja preparado, com mansidão e temor, para apresentar a razão da esperança existente em nós (1 Pedro 3:15).
  3. Espiritualidade plena. O empoderamento do Espírito Santo é imprescin­dível ao exercício eficaz do ministério evangelístico. Foi Jesus quem nos disse: “mas, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, então receberão poder para testemunhar com grande efeito ao povo de Jerusalém, de toda a Judéia, de Samaria, e até dos confins da terra, a respeito da minha morte e ressurreição”. (Atos dos Apóstolos 1:8 BV). Filipe era um homem cheio do Espírito (Atos dos Apóstolos 6:2-4). E, por essa razão, teve um ministério profícuo. Quem evangeliza não se contenta com uma vida espiritual medíocre; busca o poder do alto para proclamar a todos, e em todo o tempo e lugar, que Jesus é a única solução.
  4. Disponibilidade. Filipe estava sempre disponível a cumprir com excelência o seu ministério. Em Atos oito, encontramo-lo em quatro lugares diferentes - Samaria, Gaza, Azoto e Cesareia. E, nem por isso, descuidou de sua família, das quatro filhas profetisas (Atos dos Apóstolos 21:8,9). Ele evangelizava tanto pessoal quanto coletivamente; era um obreiro completo! Quando falamos em disponibilidade, não nos referimos, necessariamente, a um ministério baseado na itinerância, até porque a itinerância contemporânea ocorre muito mais para ministrar a crentes do que para não crentes. Portanto, a itinerância do evangelista é fundamentalmente secular, no sentido de encontro com os seculares, com os não crentes, os que não conhecem o Evangelho. O evangelista consciente do seu ministério não é necessariamente midiático, mas comunitário. Ele vai de comunidade em comunidade, rua a rua, casa a casa, pessoa a pessoa. Segue para lugares que ninguém vai e prega onde Cristo nunca foi anunciado.

 

FUNÇÕES DE UM EVANGELISTA

O trabalho básico de um evangelista consiste na proclamação do Evangelho, na apologia da fé cristã e na integração plena do novo convertido.

  1. A Proclamação do Evangelho. O trabalho prioritário e intransferível do evangelista, conforme enfatizado, é pregar Cristo a todos, em todo o tempo e lugar. Por esse motivo, não deve perder-se em bu­rocracias inúteis e paralisantes. Em outras palavras, que o evangelista faça o trabalho de um evangelista (2 Timóteo 4:5). Quem foi chamado ao ministério evangelístico deve permanecer fiel à sua vocação (1 Coríntios 7:20).
  2. Apologia da fé cristã. A proclama­ção do Evangelho compreende, igualmente, a apologia da Fé Cristã (Filipenses 1:15-16). O verdadeiro evangelista deve estar sempre preparado, objetivando defender a fé cristã ante as nações e os poderosos. Os últimos capítulos de Atos mostram como Paulo, além de anunciar Cristo, soube defender a esperança evangélica diante das autoridades judaicas e romanas. Destacamos, outrossim, o seu discurso no Areópago de Atenas (Atos dos Apóstolos 17). Não se furte ao dever de apresen­tar a apologia da fé cristã. Estude, prepare-se e confie na presença do Espírito Santo.
  3. Integração do novo convertido. Embora o evangelista não tenha responsabilidades pastorais efetivas, ele não pode descuidar da integração plena do novo convertido. Que cada alma ganha seja discipulada e incorporada também à igreja visível. O lado social do converso não pode ser ignorado. O trabalho de um evangelista não se resume a trazer alguém à luz de Cristo, mas também a acompanhar o novo crente, até que este venha a iluminar o mundo com o seu testemunho. Se, num primeiro momento, o evangelista é o amoroso obstetra; no seguinte, haverá de ser o pediatra atento à evolução do convertido.

 

CONCLUSÃO

Leighton Ford, ao descrever a chamada do evangelista, afirmou: “Devemos evangelizar, não porque é agradável, fácil, ou porque podemos ter sucesso, mas porque Cristo nos chamou. Ele é o nosso Senhor. Não temos outra escolha senão obedecer”. O ministério evangelístico não se limita a uma opção pessoal; firma-se numa intimação do próprio Cristo.

E cabe ressaltar, não obstante ser o dom de evangelista dado por uma escolha divina. Todos somos chamados à nobre obra de evangelização. A evangelização, primeiramente, é uma tarefa honrosa, porque, ao realizá-la, entregamos uma mensagem recebida do próprio Deus. Por isso, Paulo declara: “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2Cor 5:2).

Em segundo lugar, a evangelização é uma tarefa urgente. A Bíblia é o livro da salvação, pois a sua mensagem central é o que o Deus da graça fez e está fazendo, por meio de Seu Filho e de Seu Espírito, para a salvação de pecadores. Por outro lado, a humanidade está morta em seus delitos e pecados e, por isso, encontra-se sob a ira de Deus. É pela pregação das boas-novas de Deus em Cristo que o homem encontra a salvação da ira divina. Devemos pregar urgentemente, pois muitos não sabem acerca dessa tão grande salvação.

Por último, a evangelização é uma tarefa abrangente. Devemos anunciar todo o desígnio de Deus (Atos dos Apóstolos 20:27) a todas as pessoas. A evangelização consiste não só em anunciar a salvação mas em ensinar. A ênfase de Cristo na grande comissão vai muito além de evangelizar; implica em discipular. A missão da Igreja não é simplesmente conseguir conversões, mas completar o processo da vida cristã, fazendo discípulos. A vocação da Igreja é promover a glória de Deus por meio da proclamação do Evangelho de Cristo e discipular os que creem, com o objetivo de edificá-los na fé. Em Mateus 28:16-20, Jesus deixa evidente que a missão da Igreja é fazer discípulos, ensinando-os a guardar todas as coisas que Ele tem ordenado.

 

Leia também alguns artigos relacionados:

A depravação da humanidade
Comentário da lição
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que...
Prefácio aos romanos
Comentário da lição
PAULO, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus.Texto...