Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.

Mateus 9:37 

Esta é última unidade de nosso livro. Durante todo o trimestre, aprofundamo-nos no tema “Evangelização”. Estudamos conceitos, fundamentos bíblicos e teóricos, discorremos sobre os desafios e abordamos estratégias decorrentes do assunto. Entretanto, o maior desafio, como acontece com qualquer abordagem relacionada à Palavra de Deus, é colocar em prática a teoria estudada.

A evangelização é uma necessidade urgente à Igreja. Há muito tempo, Jesus deixou isso muito claro:Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita”. (João 4:35 NVI) Agora, vamos discorrer sobre tais palavras a fim de que despertemos para tão nobre missão.

Leia também alguns artigos relacionados:

Mais do que vencedores
Comentário da lição
Que diremos, pois, a estas coisas?Texto de EstudoQue diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é...
Liberdade de consciência e o exemplo de Cristo
Comentário da lição
Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificaç...

OLHE COM ATENÇÃO

A narrativa de Mateus 9:35-38 surpreende-nos pela riqueza de detalhes. Olhando com atenção, podemos perceber a profundidade do ministério evangelístico de Jesus e o alvo de Sua missão.

Mateus descreve que Ele “percorria todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades”. (Mateus 9:35) Essa era a segunda viagem missionária de Jesus, agora na companhia dos discípulos, pela Galileia. O Mestre era incansável na missão evangelística. Por vezes, era abatido pelo cansaço decorrente de Sua natureza humana (Lucas 8:23; João 4:6), mas o foco em Sua missão não permitia que desanimasse. A prioridade de Jesus era cumprir a obra para qual fora enviado, e isso estava acima até de Suas necessidades primárias como humano (João 4:34).

Jesus percorria “todas as cidades e povoados” anunciando o Evangelho. A missão não era limitada ou destinada a um público especifico; prestava atenção às multidões (v. 36), não apenas aos grupos que O seguiam, mas ao vasto número de pessoas com as quais (enquanto Ele passava) observava o país ser repovoado.

Ele notou como cidades e aldeias eram um formigueiro de almas, e como eram densamente povoadas. E observava a abundância de pessoas que havia em cada sinagoga, e que as redondezas dos portões eram locais de grandes ajuntamentos. Ao perceber aquilo, sentiu compaixão e preocupou-se com as pessoas (v. 36). Ele era movido pela compaixão; não em uma versão transitória, como a compaixão pelos cegos, coxos e doentes, mas em sentido espiritual. Compadeceu-se por vê-las desgarradas e errantes, e a ponto de serem destruídas pela falta de visão. No desamparo das multidões, Ele viu uma oportunidade para a proclamação do reino.

Jesus olhou e viu o que ninguém estava enxergando, nem escribas, nem fariseus. Tampouco Seus discípulos perceberam que as pessoas estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor (Mateus 9:36 NVI). Jesus viu almas preciosas desmaiando de fome, amplamente dispersas, desgarradas, como ovelhas que não têm pastor.

Talvez seja isso nos esteja faltando: levantar a cabeça e olhar com atenção ao redor. Motivos para evangelizar não faltam; o que falta é coragem para olhar para esses motivos. Falta-nos compaixão pelas almas, algo que Jesus tinha em abundância. Foi esse sentimento que O trouxe do Céu a Terra e O levou à cruz. A aflição é o objeto da compaixão; e a aflição das almas pecaminosas e autodestrutivas é a maior de todas - Cristo se compadece daqueles que tem menos compaixão de si mesmos. Nós também devemos proceder assim. A maior compaixão cristã é a sentida pelas almas. Eis a característica que mais nos assemelha a Cristo.

Precisamos expandir nossos limites. Há muitas “cidades e povoados” que precisam ser alcançados pelo “Evangelho do reino”. E esses lugares não estão tão distantes de nós! Basta erguer os olhos; multidões estão caminhando, errantes, pelo mundo. Almas famintas, precisando de alimento e cuidados espirituais, aflitas por não encontrarem a paz que só pode ser achada n’Aquele que tem as palavras de vida(João 6:68). 

UMA MISSÃO URGENTE (JOÃO 4:31-38)

A missão da evangelização era tão urgente para Jesus que, mesmo depois de uma longa conversa com a mulher samaritana, e de estar faminto e cansado, Ele olhou para o pão que lhe foi oferecido e disse: A minha comida consiste em fazer a vontade d’Aquele que me enviou e realizar a Sua obra (João 4:34).

Indubitavelmente, o que levou Jesus a agir dessa maneira foi ver a multidão de samaritanos, efeito da evangelização da mulher que conversara com Ele, à beira do poço, que vinha ao Seu encontro para ouvi-lO. Ou seja, é como se Jesus dissesse “Não posso comer agora, há algo mais importante para fazer. A missão do meu pai é mais urgente”. Isso nos ensina algo profundo: a Igreja não é chamada para satisfazer suas vontades, mas a vontade d’Aquele que a criou.

Dentre tantas metas que temos estabelecido para nossas igrejas, em que lugar está o plano de evangelização? Ela exige da Igreja o sacrifício de qualquer outra prioridade, que não seja a proclamação do reino de Deus.

Leia também alguns artigos relacionados:

EVANGELIZAÇÃO CRISTÃ
Comentário da lição
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 16 Quem crer e...
A evangelização dos grupos religiosos
Comentário da lição
De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias na praça com...

A missão é tão urgente que Jesus diz a Seus discípulos: Não dizeis vós que ainda há quatro meses até a colheita? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a colheita(João 4:35). Deixando de lado a exegese do jogo de palavras de Jesus, a mensagem transmitida é: a colheita é agora! Não havia tempo a esperar. E a Igreja não pode esperar. É necessário trabalhar na hora certa para que este período não seja perdido. Se o trigo maduro não for colhido, ele cairá em terra e será perdido, e as aves o comerão. Se as almas que estiverem sob condenação, e possuírem boa inclinação, não forem ajudadas agora, seus princípios de esperança resultarão em nada, e elas serão uma presa para os impostores.

O tempo da colheita é cada dia que se chama “hoje”. É difícil afirmar quantas pessoas nascem e morrem no mundo, diariamente. Os dados, baseados em censos mundiais e estatísticas, podem não ser exatos. Ainda assim, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 102 pessoas morram por minuto, ou 148 mil por dia.[7] É um dado assustador que nos faz pensar na urgência da missão.

Outro ponto importante é a necessidade de divulgação do Evangelho, ou seja, em caráter prioritário. A organização cristã Projeto Josué procura definir os grupos étnicos que mais precisam de missionários e missões. Segundo ela, 42,3% da população mundial ainda não tiveram oportunidade de conhecer a Jesus, nem os Evangelhos. A porcentagem corresponde a quase 3,12 bilhões de pessoas. São campos a serem colhidos. É claro que, na maioria das regiões onde se concentram essas pessoas, o Evangelho não tem muita aceitação, mas não podemos esquecer que as palavras de Jesus sobre a urgência da colheita foram proferidas em solo samaritano. E, naquele dia, muitos samaritanos aceitaram o Evangelho e converteram-se (João 4:41-42).

O alvo da Evangelização são os confins da Terra(Atos dos Apóstolos 1:8). Começou em Jerusalém, pela Judeia e Samaria, mas ainda há inúmeros lugares a serem alcançados. Existem centenas de pessoas que precisam conhecer as novas de salvação. A Igreja recebeu poder para isso; todavia, esqueceu que tem poder para, ou esqueceu a sua missão.

UMA MISSÃO COMPENSADORA

O trabalho da evangelização não é uma tarefa fácil; tem desafios e, por que não dizer, oferece riscos. Contudo, é um trabalho compensador. Jesus disse aos discípulos: Aquele que colhe já recebe o seu salário e colhe o fruto para a vida eterna, de forma que se alegram juntos o que semeia e o que colhe (João 4:36 NVI).

Aqueles que ceifam da colheita espiritual são duplamente recompensados com “salários e frutos”, não para uma estação, mas para a vida eterna. O resultado de uma semente que frutifica é extraordinário! Jesus lançou a boa semente, ela encontrou terreno fértil no coração da mulher samaritana, e aquela semente frutificou “a cem, sessenta e trinta por um” (Mateus 13:8).

Muitas vezes, o trabalho evangelístico é árduo, como ocorreu algumas ocasiões com Jesus. Nem sempre uma multidão vai se converter (Marcos 5:15:20); no entanto, se for por uma única alma a se salvar, valerá a pena o esforço. Algumas vezes, haverá resistência, opressão e perseguição; todavia, ao fim de tudo, seremos bem aventurados (Mateus 5:10-11). A palavra de Deus diz que os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando enquanto semeia voltará com júbilo, trazendo os seus feixes (Salmos 126:5-6). Embora o contexto do verso de Salmos seja outro, a mensagem expressa muito bem a dificuldade da semeadura, em contraste com o regozijo da colheita.           

CONCLUSÃO

Escrevendo para os romanos, citando as palavras de Isaías, Paulo disse: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas (Romanos 10:15). As “coisas boas” a que o apóstolo se refere é a mensagem da Palavra de Deus. Mensagem esta que acreditava poder salvar a todos, tanto judeus como gregos ou gentios (10:12). E essa mensagem continua salvando a todo aquele que invocar o nome do Senhor (10:13).

Todavia, como disse Paulo, e como crerão n’Aquele de quem nada ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue? (10:14). Essas últimas palavras citadas levam-nos ao despertar da evangelização. A missão é urgente! Enquanto a Igreja não ceifa almas para o céu, o inimigo não retarda seu trabalho, ceifando almas para o inferno (João 10:10).

Leia também alguns artigos relacionados:

A evangelização real na era digital A evangelização real na era digital
Comentário da lição
Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu...
Evangelizando grupos desafiadores
Comentário da lição
Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. Porque o Filho do homem veio...