NOSSA DECLARAÇÃO:

“Nós cremos na soberania de Deus e na aceitação do nosso cargo de depositários da vida e das possessões, e na administração das mesmas de acordo com a vontade de Deus. Entendemos que o cristão é apenas o administrador e reconhecemos que o nosso Pai é o provedor e o Senhor de todas as coisas.”

DEFINIÇÃO E PRINCÍPIOS BÍBLICOS DA MORDOMIA

A mordomia é a ação realizada por um mordomo; a palavra, em português, vem do latim, majordomus, que tem o mesmo significado do grego, oikonomos - oikos, casa e nomos, governo. Assim, mordomo é o principal servo, aquele que administra a casa do Senhor.  A palavra mordomia, nesse contexto, significa cuidado, zelo, administrar tanto as propriedades externas como internas.

O mordomo, no exercício de suas funções, deve tomar conta de uma propriedade, de uma casa, tão bem como se fosse dele, sabendo que terá de prestar conta do que foi confiado aos seus cuidados. Biblicamente falando, a Mordomia é a doutrina bíblica que reconhece Deus como Criador e Senhor, dono de todas as coisas.

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Deus confiou-nos a administração de tudo que possuímos, mas na realidade todas as coisas pertencem a Ele: a Terra, com toda a sua plenitude, e os que nela habitam. (Sl. 24:1) A Mordomia Cristã abrange grande parte de nossas vidas, tanto no contexto familiar, tanto nossos talentos do corpo, das finanças, da mente e da adoração. Como fiéis mordomos, temos uma vida repleta de bênçãos e obrigações.

A ideia comum de mordomia é encontrada em várias passagens do Novo Testamento, especialmente nas parábolas dos Talentos e das Minas, em Mateus 25:14-30 e em Lucas 19:11-27, respectivamente. Ambas afirmam que recebemos de Deus algo a ser administrado e, posteriormente, teremos de Lhe prestar contas. O Senhor outorga-nos dos Seus bens e de Suas riquezas, e haverá de um dia compensar o trabalho e a diligência, ou condenar a indolência e a improdutividade dos Seus servos.

É de espantar que os cristãos, ao longo dos séculos, depois do período apostólico, tenham lido e realizado estudos do Livro Sagrado, procurando as Verdades da Palavra, sem que a doutrina da Mordomia Cristã tenha ocupado o destaque que merecia! Apenas nos últimos decênios é que observamos maior ênfase nesse estudo.

O cristão atual, depois de compreender a doutrina da Mordomia, passa a entender que não existe a diferença que muitos fazem entre a vida religiosa e a secular. Compreende que Deus é soberano; foi Ele quem criou todas as coisas. Nada é “teu ou meu”. Tudo que fazemos integra parte de algo que Deus trouxe à existência, seja por nosso meio, ou usando uma matéria-prima, um conhecimento ou uma tarefa realizada, em qualquer lugar do planeta. Tudo que podemos fazer é utilizarmos as coisas que o Senhor deu-nos, adaptá-las e combiná-las com as forças e os elementos criados por Ele.

O ato da Mordomia na vida cristã

O cristão é chamado a viver na santidade em todos os seus afazeres, seja por pensamento, palavra ou ação. Devemos, a todo o tempo, lembrarmo-nos de quem somos e quem nos tirou das trevas para a gloriosa luz de Seu filho. (Colocenses 1:13) Se tivermos esse pensamento, passaremos a cuidar melhor de tudo que Deus criou e compartilharemos os dons uns com os outros.

Muitos cristãos estão mudando suas prioridades; em vez de usar seus bens e amar as pessoas, passam a usar as pessoas e amar seus bens. O apóstolo Paulo, na carta a Timóteo, diz: o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos”. (1 Timóteo 6:10)

O amor ao dinheiro leva as pessoas a uma corrida desenfreada para ‘ter’ e ‘poder’ cada vez mais. Assim, deixamos de nos preocupar e fazer o que realmente importa, e o papel de mordomos do Senhor enfraquece. A Mordomia Cristã abrange inúmeras partes da vida, partes estas fundamentais, como nosso Tempo, nossos Talentos e os Tesouros. Nosso contentamento deve estar em Deus e, não, nas coisas que Ele pode nos dar. Todos os dons e bens que o Senhor concede-nos não poderão nos fazer felizes se não formos bons mordomos. Por isso, precisamos administrar muito bem o tempo, o tesouro e os talentos.

O apóstolo Paulo, alertando a Timóteo, falou que falsos mestres iriam se levantar muito mais preocupados com as riquezas que poderiam ganhar no exercício da religião do que com a pregação do Evangelho. Diz ele que essa gente pensa que a religião é um meio de enriquecer. (1 Timóteo 6:5b, NTLH) É preciso ter bastante cautela para não cair na tentação do materialismo cristão, algo bem comum na vida dos que trocam, barganham ou vendem sua fé. Somos aconselhados a pensar na eternidade, pois lá será nosso destino. Somos chamados a ser fiéis, pois o fruto da fidelidade é imprescindível ao relacionamento com o Senhor, consigo e com o próximo.

Realizando um bom serviço

Como bons servos do Senhor, devemos realizar o serviço de mordomia da melhor forma possível. Precisamos nos concentrar em todas as tarefas para não falharmos em nenhuma. Podemos, de uma forma simplificada, trabalhar a mordomia como:

a) Mordomia do Tempo: O ser humano começou a pensar no tempo após sua queda, quando Deus determinou o fim de seus dias. A partir daquele momento, o homem vive contando os dias e, em contagem regressiva, todos sabem que um dia a morte chegará. É evidente que o tempo sempre está diante de nós, por isso devemos viver uma vida regada pela prudência e pela sabedoria. Fazer um bom uso do tempo faz parte da nossa mordomia enquanto aqui vivermos, porque todos sabem que, adiante, teremos de prestar contas do tempo que o Senhor deu-nos.

O salmista afirmou que o tempo está nas mãos do Senhor. (Salmos 31;15) Deus criou-o, pois usa o tempo para criar e fazer as coisas acontecerem. Nós vivemos na geração dos “imediatistas”; tudo é instantâneo. Somos condicionados e forçados a não esperar. Mas Deus trabalha no tempo, no tempo dEle. O futuro de nossas vidas precisa de algo que o Senhor está preparando ‘hoje’; necessitamos viver plenamente todos os dias, pois todos são especiais. O tempo não é privilégio de alguns, mas aqueles que o usam com sabedoria são privilegiados - “... mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos”. (Eclesiastes 9:11)

A palavra chronos é usada na Teologia para descrever a forma quantitativa do tempo, o “tempo dos homens”. E kairós é empregada para descrever a forma qualitativa, ou seja, o “tempo de Deus”. Para não gastarmos o tempo de forma errada, precisamos priorizar aquilo que verdadeiramente vale a pena. Podemos dividi-lo de forma que possamos dedicar a Deus o tempo que a Ele é devido. Ademais, uma das melhores formas de gastar nosso tempo é com a família. Sabemos que há tempo para todas as coisas, então: Vede prudentemente como andais, remindo o tempo, porque os dias são maus. (Efésios 5:15-16)

b) Mordomia dos Talentos: Talentos e habilidades foram dados aos homens por Deus, ou para cuidarem bem da casa, ou na propagação do Reino. Fazendo isso, as pessoas tornam-se úteis na posição de mordomos. A sinceridade e a humildade em usar os talentos que são entregues a todos por Ele são qualidades imprescindíveis ao bom despenseiro. No texto de Mateus 25:21 encontramos: “Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei...”. Observamos que a um Deus deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um talento. Ou seja, deu a cada servo segundo a sua capacidade. O Senhor exigiu de cada um na proporção que lhe fora confiado, ao alcance de todos, dentro dos limites de cada possibilidade.

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Podemos observar que Jesus quis ensinar a Seus discípulos que os dons devem ser administrados, aplicados da melhor forma, pois um dia o Senhor cobrará essa administração. Ele trata com os homens à base de um critério verdadeiramente justo. Ninguém poderá desculpar-se perante Ele. A severidade que Deus usará para tratar desse assunto não deve nos fazer recuar ou enterrar nossos talentos. Pelo contrário, deve nos impulsionar a fazer cada vez melhor. Jesus ensinou que quem usa fiel e sabiamente os talentos, ainda que poucos, acabará por tê-los multiplicados. Porque ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem até o que tem lhe será tirado. (Mateus 25:29)

Talvez você pense que não é capaz de realizar sua tarefa, ou que a obra deve ser feita por outra pessoa mais capacitada. Tiago falou sobre os dons, em sua carta: Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do Alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. (Tiago 1:17)

O Evangelho foi anunciado, primeiramente, por homens que precisaram adquirir coragem além da média; eles sabiam que estavam correndo risco de morte, todos os dias, mas isso não os fez parar. Se Deus chamou-o, Ele vai lhe dar o suficiente para que O glorifique!.

c) Mordomia dos Tesouros: É notório que a Mordomia envolve os tesouros, pois qual mordomo fiel e justo, que faça um bom trabalho, reconhecido pelo seu senhor, não teria acesso às finanças?! Até aqui, estudamos que Deus é dono de tudo, Ele é Criador de todas as coisas. Assim, todo o dom perfeito vem dEle. Mas, quando se trata de fidelidade nos bens, nas finanças que o Senhor concedeu, a maioria cai em tentação e comporta-se mal. Caro leitor, nossa intenção não é forçar ou impor a alguém que pratique o dizimar ou o ofertar. Porém, queremos mostrar que tudo e todos são para a glória de Deus.

d) Dízimos e Ofertas: Esse tema pode parecer pouco agradável para alguns, mas está nitidamente incluído na Mordomia Cristã, e é tão bíblico como qualquer outra doutrina divina. Lemos, em Levíticos 27:30: Todos os dízimos da Terra, tanto do grão do campo como do fruto das árvores, são do Senhor”. Essa é a consideração bíblica sobre o dízimo: “Todos são do Senhor.

Se o dízimo é do Senhor e está em nossas mãos, entregar-Lhe constitui saldar uma dívida. Existem muitos comentários tendenciosos e distorcidos que atacam o ensino do dízimo e acusam os pastores, as lideranças e igrejas de explorarem o povo de Deus. Existem ainda os que se recusaram a ser dizimistas pelo fato de o dízimo ser apenas da Lei, ou Lei mosaica. Apesar de alguns fazerem mau uso desse ensino, e usá-lo para o próprio proveito, não podemos deixar de ensinar sobre a Mordomia dos Tesouros ou dos Bens.

O dízimo pertence ao Senhor, ao Criador de todas as coisas. Ele sempre constituiu um ato de amor dos servos de Deus, dos Seus mordomos, quer fosse antes da Lei, quer durante a vigência da Lei, quer posteriormente à Lei e na atual dispensação. Tal verdade fica clara ao observarmos que o “ofertar” já era uma prática realizada nos dias de Abel (Gênesis 4:4), e que o dízimo era observado pelos patriarcas. (Gênesis 14:20)

O princípio do dízimo foi conhecido e praticado pelos patriarcas, porque é um princípio espiritual presente entre o povo de Deus, há muito tempo. Abraão devolveu o dízimo a Melquizedeque (Gênesis 14:20), e Jacó prometeu devolvê-lo ao Senhor (Gênesis 28:22), muito antes de a Lei ser instituída. Essa mordomia está presente em toda a bíblia, seja na forma de cartas às igrejas (Hebreus 7:8), seja nos livros que contam a história do povo de Deus (Neemias 13:11-12), nos poéticos (Provérbios 3:9-10), nos proféticos (Malaquias 3:8-10) e até nos evangelhos (Mateus 23:23) que coincidem com a época de Jesus e com a fundação da Igreja do Senhor.

O dízimo aparece como preceito de um princípio já existente no período patriarcal. É certo que preceitos mudam, e até desaparecem; todavia, os princípios são imutáveis e permanentes. Alguns líderes religiosos hodiernos denominam o dízimo como um termômetro da vida espiritual da Igreja; portanto, serve como um medidor da fidelidade a Deus. Assim, quando “há crise espiritual, suspende-se o dízimo, e a casa de Deus é desamparada, caracterizando o fato de o povo negligenciar a parte do Senhor”. (Neemias 10:37-38; 13:10-14) Por outro lado, sempre que houve um avivamento, aconteceu também um profundo despertamento do povo de Deus para a devolução dos dízimos (2 Crônicas 31:5-6)

Quando estudamos o ato de dizimar e de ofertar, no Novo Testamento, temos uma nova ótica dessa observância, já não há legalidade, mas o ‘amor’. Entendemos, então, que não há a necessidade de debatermos se existe ou não um verso, ou um texto, falando do tema, pois entendemos que, assim como as ofertas já eram uma prática generalizada entre os judeus cristãos, assim também procede conosco, Batistas Do Sétimo Dia. Não precisamos de um texto em que Jesus fale explicitamente: “Vocês serão meus discípulos se guardarem o santo Sábado”. Quando o Mestre falou: Se me amardes, guardareis os meus mandamentos, ou quando olhamos a prática das reuniões dos apóstolos, em Atos, pelas quais se reuniam, aos sábados (Atos dos Apóstolos 13:14-42,44; Atos dos Apóstolos 16:13;Atos dos Apóstolos 18:4), entendemos que fazia parte de uma prática generalizada e comum. 

Uma palavra final

Quando nos referimos à Mordomia Cristã, seja dos talentos, do tempo, do tesouro ou de qualquer outro tema de nossa “declaração de fé”, procuramos demonstrar que nada fazemos por imposição. Não guardamos os mandamentos para sermos salvos, nem obedecemos à Sagrada Escritura como forma de redenção.

Os Batistas Do Sétimo Dia exercem a sua fé pelo amor. A prática da “Mordomia Cristã” não é somente um reconhecimento de um ensino das escrituras sagradas; antes, é a expressão de gratidão. Tudo é fácil de entender se considerarmos que Deus é o Criador e o Dono de tudo. E nós, apenas mordomos ou despenseiros, com a responsabilidade de administrarmos tudo segundo a Sua vontade e para Sua glória, de modo que, naquele dia, Ele possa dizer a cada um de nós: “Muito bem, servo bom e fiel! Entra no gozo do teu Senhor”. Amém.

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